Círio de Nazaré durasse menos de seis horas este ano, sendo cerca de uma hora mais rápida do que a do ano passado. O cortejo iniciou às 6h15 do domingo após missa celebrada pelo Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira, na Catedral de Belém. Depois de ter percorrido 3,6 quilômetros, a berlinda conduzindo a imagem entrou na Praça Santuário exatamente às 11h45, cinco horas e meia após o início da romaria. Ano passado a procissão foi encerrada às 12h40.
A entrada na praça foi rápida e antes das 11h50 a berlinda foi aberta pelo coordenador geral da Festa de Nazaré, Jorge Xerfan Neto, e repassada ao arcebispo auxiliar D. Theodoro Mendes Tavares que fez a tradicional bênção aos milhares de fiéis que esperavam a chegada da romaria desde bem cedo, encerrando a 222ª edição do Círio de Nazaré, considerada a maior procissão católica do mundo.
Cerca de meia hora depois do início da procissão, a Berlinda foi rapidamente atrelada à tradicional corda da procissão, na avenida Boulevard Castilho França, quando o cortejo entrou com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré e começou seu percurso no Ver-o-Peso recebendo diversas homenagens, como a queima de fogos realizada pelo Sindicato dos Estivadores do Pará.
A curva entre as avenidas Boulevard Castilhos França e Presidente Vargas, normalmente um dos pontos mais críticos da procissão, foi realizada sem atropelos. Depois de duas horas e meia, a procissão percorreu metade do trajeto total da romaria, completando 1,8 quilômetro percorrendo a avenida Presidente Vargas, onde recebeu diversas homenagens, sobretudos dos bancos instalados na avenida, como Banpará, Banco do Brasil e Banco da Amazônia, com queima de fogos, e quilos de chuvas de papel picado, além de milhares de balões.
Promesseiros de joelho, com objetos nas mãos que representam as graças alcançadas ou pedidos, pais com crianças vestidas de anjos, romeiros carregando cruz com 80 quilos, foram algumas das imagens que mais chamaram a atenção durante a procissão. Seja acompanhando ou parados para a passagem de Nossa Senhora de Nazaré, os fiéis em todos os lugares erguiam as mãos e louvavam.
“Viver isso aqui não tem explicação. Não tem como não se emocionar. A imagem vai se aproximando e dá um nó na garganta, as lágrimas começam a escorrer. É um momento de agradecer por todas as garças alcançadas, agradecer por todos os livramentos da violência que vivemos nos dias de hoje, agradecer e pedir que Nossa continue nos abençoando e nos protegendo, todos os dias”, disse a romeira Maria de Fátima Azevedo.
Apesar dos apelos da Diretoria da Festa e do arcebispo metropolitano, mais uma vez os promesseiros cortaram a corda que puxou a imagem peregrina de Nossa Senhora. O corte se deu na avenida Nazaré, no trecho entre a travessa Doutor Moraes e Benjamim Constant, pouco depois das 10h, atingindo o núcleo da corda e as estações 3 e 4. Nessa hora, pouco mais de 70% do trajeto já havia sido percorrido. Muitos romeiros foram flagrados com facas. Houve muito tumulto e empurra-empurra e vários grupos de romeiros disputavam um pedaço da corda. Pelo menos uma pessoa ficou ferida no momento em que a corda estava sendo cortada.
A Polícia Militar até infiltrou homens entre os promesseiros para identificar os “cortadores da corda”. Alguns foram identificados e afastados da romaria, mas a força e a determinação dos romeiros em levar um pedaço do símbolo para casa foi maior. Este ano, segundo estimativa do Dieese-PA, mais de 7.500 devotos puxaram a corda. Segundo a diretoria da Festa, esse foi o motivo pelo qual a Berlinda passou mais de 30 minutos parada entre a saída da avenida Presidente Vargas e entrada da avenida Nazaré.
Apesar dos atropelos, a romaria continuou fluindo pela avenida Nazaré e por volta das 11h30 já estava na frente da sede social do Clube do Remo, com cerca de 90% da procissão percorrida. Pouco depois das 11h40, os sinos da Basílica badalaram para anunciar a chegada da berlinda ao seu destino final, antecipando um pouco a meta estipulada para a chegada pela Diretoria da Festa, que era por volta do meio-dia. A emoção tomou conta de romeiros e promesseiros que esperavam ansiosos pela chegada do cortejo. Guardas da Santa deram abraço coletivo, com sentimento de dever cumprido. Mais um Círio chegava ao fim.