A partir de 2013, começará a ser distribuído na rede pública de saúde mais um medicamento com o rótulo nacional para o tratamento da aids: o Sulfato de Atazanavir. Nesta sexta-feira (30), véspera do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, participou, no Rio de Janeiro, da cerimônia de oficialização do processo de transferência de tecnologia para a produção do medicamento no país. O antirretroviral que já é distribuído aos pacientes do SUS, é utilizado por cerca de 45 mil pessoas – perto de 20% do total de pacientes, 217 mil.
A produção nacional do Atazanavir será possível graças a uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) firmada entre o Ministério da Saúde – por meio do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – e o laboratório internacional Bristol-Myers Squibb. Atualmente, o Atazanavir é importado. Com a PDP, a expectativa é de que o Ministério da Saúde economize cerca de R$ 81 milhões por ano, durante a parceria.
Para o presidente da Bristol-Myers Squibb no Brasil, Gaetano Crupi, o acordo reforça o compromisso da empresa em contribuir para ampliar o acesso a tratamentos para doenças graves como a aids. “Para nós é uma honra estabelecermos essa parceria com o Brasil, que reforça seu comprometimento com a saúde de seus cidadãos através da política universal de acesso ao tratamento do HIV/Aids”.
“Há mais de 25 anos a Fiocruz contabiliza uma série de significativas contribuições para o programa brasileiro de aids. A produção do Atazanavir reforça este papel diferenciado da instituição e o compromisso social da Fundação”, afirma o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha.
O Sulfato de Atazanavir é um antirretroviral da classe dos inibidores de protease e constitui uma importante droga na composição de esquemas terapêuticos para o tratamento de pacientes com infecção por HIV/Aids. Atualmente, ele é indicado para início de terapia antirretroviral como um dos medicamentos preferenciais pelas diretrizes internacionais do Departamento de Saúde dos Estados Unidos (DHHS, na sigla em inglês), da Sociedade Internacional de Aids (IAS, na sigla em inglês) e da Sociedade Clínica Europeia de Aids (EACS, na sigla em inglês), e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A partir de 2013, o medicamento será distribuído com a embalagem de Farmanguinhos, mas a sua produção com a tecnologia nacional terá início em 2015. Entre 2012 e 2016, serão produzidas 99 milhões de cápsulas de Atazanavir na apresentação de 300 mg, sendo 19,9 milhões delas, a cada ano; e 28 milhões das cápsulas de 200 mg, sendo 5,6 milhões, também a cada ano.
COMBATE AO VÍRUS –O Brasil é referência mundial no enfrentamento ao HIV/Aids. Há 16 anos, o SUS garante acesso universal a todos os medicamentos necessários para o combate ao vírus HIV, além de exames e acompanhamento médico, que beneficiam 217 mil brasileiros. Além disso, o SUS oferece tratamento antirretroviral a 97% dos brasileiros diagnosticados com Aids.
O Ministério da Saúde disponibiliza gratuitamente 20 antirretrovirais, que representam investimentos de R$ 850 milhões por ano na aquisição dos medicamentos. Desses 20, oito são objeto de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo: Atazanavir, Tenofovir (desde 2009), Raltegravir (desde 2011), e Ritonavir Termoestável, Lopinavir + Ritonavir, Ritonavir Cápsula Gel. Mole, Tenofovir + Lamivudina (2 em 1), e Tenofovir + Lamivudina + Efavirenz (3 em 1), anunciados este ano.
História
Em 1987, com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), a Assembléia Mundial de Saúde decidiu transformar 1o de dezembro no Dia Mundial de Luta contra a AIDS para reforçar a solidariedade com as pessoas portadoras do vírus HIV.
Desde então, todo ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) escolhe o grupo social que registra o maior número de casos de HIV/AIDS e define estratégias para uma campanha de sensibilização da opinião pública.
No Brasil, a homenagem vigora desde 1988 a partir de uma portaria assinada pelo Ministro da Saúde que, seguindo o exemplo da OMS, elabora uma campanha a cada ano para alertar a população sobre os avanços da doença.
A descoberta do vírus
O vírus HIV, agente causador da AIDS, foi descoberto em 1979 pela equipe do professor Jean Luc Montagnier, do Instituto Pasteur, na França, e sua sigla, em inglês, significa Human Immunodeficiency Virus, ou seja, Vírus da Imunodeficiência Humana.
Já a AIDS quer dizer Síndrome da Imunodeficiência Adquirida que, palavra por palavra, nos fala o seguinte: Síndrome, por ser uma combinação de sintomas e sinais físicos; Imunodeficiência, por debilitar o sistema imunológico; e Adquirida, por não ser natural da pessoa, mas vindo de fora e penetrando no organismo.
No dia 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, devemos parar para refletir um pouco, procurando caminhos que ajudem a evitar a propagação do vírus, combatendo, assim, uma doença ainda pior: o preconceito.
O vírus: como ele age
Ao contrário das bactérias, um vírus só é capaz de sobreviver e proliferar quando atua como parasita, quer dizer, quando se instala em uma célula onde possa morar. No caso do HIV, não é diferente. Oportunista como os outros, ele se vale de uma ação lenta para fazer seu estrago silencioso. Para isso, conta com a ajuda de duas enzimas, a transcriptae reversa e a integrase. Essas fiéis aliadas do HIV vão auxiliá-lo para que faça algo extremamente desonesto, assim, como se ele fosse um espião industrial.
Antes de prosseguir com o assunto, vamos recordar um pouco de biologia. O DNA da célula, como sabemos, contém todas as nossas características pessoais (cor dos olhos, do cabelo etc.). A partir dele, essas informações serão transcritas para o RNA que, servindo de mensageiro, as levará para serem decodificadas no citoplasma das células.
Pois bem. Voltemos então ao HIV. Esse vírus, ao entrar numa célula, vai percorrer caminho inverso ao acima descrito. Ele irá transcrever o seu próprio programa genético na estrutura do DNA, a partir do RNA, fazendo com que a célula produza réplicas dele.
Tudo isso será feito, como dito antes, com a ajuda da transcriptae reversa e da integrase. Esta última, abrindo a porta do DNA para que o HIV entre e, a outra, propiciando que ele transcreva suas informações genéticas e consiga sua reprodução.
Ninguém morre de AIDS
É muito comum ouvirmos alguém dizer que "uma pessoa morreu de AIDS". Mas isso não é verdade. Ninguém morre de AIDS. Se chega a falecer, é por causa de uma doença ou infecção oportunista, que aparece devido ao desequilíbrio ou mal funcionamento do sistema imunológico. Hoje, a AIDS é considerada por alguns especialistas como uma doença degenerativa, infecto-transmissível - não infecto-contagiosa, ou seja, não se propaga no ar, por convívio social (aperto de mão, abraço), muito menos por picadas de insetos ou mordidas de animais.
Para que ocorra a transmissão do vírus, é preciso que haja condições específicas (relações sexuais sem camisinha, transfusão de sangue contaminado, uso de seringas que já tenham sido utilizadas por outras pessoas etc.)
Uma pessoa ser portadora do vírus HIV não quer dizer que ela tenha AIDS. Esta só se caracteriza quando o sistema imunológico do portador já está tão incapacitado, que não consegue mais se defender sozinho de uma simples gripe.
Uma boa imagem para exemplificar o desequilíbrio do sistema imunológico em um organismo soropositivo (com vírus mas sem AIDS) é a das taças umas sobre as outras. Digamos que um sujeito tenha 20 taças configurando o seu sistema imunológico e, quando foi contaminado, a última taça da pilha (a vigésima) comece a encher d'água até transbordar, quando então a água passaria a encher a de baixo e depois a outra e a outra, sucessivamente. Cada taça cheia significaria o enfraquecimento do seu organismo.
Poderíamos dizer, com esse exemplo, que um paciente estaria em estado terminal da doença, se a primeira taça da pilha estivesse cheia d'água ou transbordando. A medicina, porém, já produz medicamentos que adiam cada vez mais o transbordamento da primeira taça. Isto não nos tira, no entanto, a responsabilidade de, não sendo soropositivo, nos prevenirmos e, sendo assim, cuidarmos para não transmitirmos o vírus para outros.
Além disso, existem diversas possibilidades de tratamento para quem vive com o vírus. O importante é fazer um diagnóstico precoce. Quanto mais cedo a pessoa infectada iniciar o tratamento médico, mais possibilidades de estabilizar a doença e, conseqüentemente, manter uma boa qualidade de vida.
Preconceito
Uma das atitudes preconceituosas mais comuns em relação às pessoas que convivem com a AIDS é responsabilizá-las por terem contraído o vírus, acusando-as, como se tivessem culpa por estarem doentes. Isto devido a costumes ou hábitos associados à maneira de se pegar a doença, o que veio a criar a idéia dos chamados "grupos de risco".
A falta de conhecimento sobre a doença reforça essa idéia. Daí a necessidade de nos inteirarmos, sabendo que a única proteção possível no que diz respeito à AIDS é a informação. Conhecendo de perto a doença, é mais fácil não se deixar levar por mentiras ou deturpações sobre o assunto e, entendendo-a, sem medo, conseqüentemente, não teremos preconceito.
Acima de tudo, é importante sabermos que qualquer pessoa, qualquer pessoa mesmo, está sujeita a contrair a doença, devendo tomar, por conta disso, os devidos cuidados. Informações oficiais sobre AIDS podem ser acessadas no site do Ministério da Saúde (http://www.aids.gov.br). Se você quiser saber também sobre crianças com AIDS, clique em Sociedade Viva Cazuza (http://www.vivacazuza.org.br).
Mulheres na berlinda
Em 2004, o tema "Mulheres, meninas, HIV e Aids" foi escolhido pela ONU para ser discutido durante as atividades do Dia Mundial de Luta Contra a Aids. A escolha se deu em função do crescente aumento do número de mulheres infectadas pelo vírus HIV.
Segundo o Boletim Epidemiológico Mundial 2004, do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) e da Organização Mundial da Saúde, hoje no mundo cerca de metade das 37,2 milhões de pessoas contaminadas pelo HIV, com idade entre 15 e 49 anos, é formada por mulheres.
O relatório mostra também que o maior aumento de mulheres contaminadas pelo HIV ocorreu nos países do leste Asiático (56%), seguido do Leste Europeu e da Ásia Central (ambos com 48% cada).
De acordo com a UNAIDS, o crescimento do número de casos de mulheres com o HIV tem algumas explicações: a transmissão do vírus de homem para mulher durante o sexo é cerca de duas vezes mais provável do que a transmissão da mulher para o homem; questões culturais dificultam o acesso e a aceitação dessas mulheres aos métodos de prevenção; além de dificuldades econômicas deixarem muitas mulheres vulneráveis à prostituição. Vale lembrar que o aumento do uso de drogas injetáveis também contribui para a propagação do vírus na população.
Como no Brasil a preocupação com a mulher também é grande, o Ministério da Saúde escolheu o slogan "Mulher: sua história é você quem faz" para dar o tom às atividades planejadas para a data. As ações se estenderão até o dia 15 de dezembro, com o encerramento da campanha de prevenção da transmissão do HIV e da sífilis durante a gestação.
No país, no início da epidemia, para cada mulher contaminada havia 16 homens. Hoje o quadro é outro: a proporção é de um caso entre as mulheres para cada dois entre os homens.
Campanhas anteriores enfocaram o uso de preservativo ("Não importa com quem você transa; não importa como. Use camisinha") e o diálogo entre pais e filhos sobre os riscos da doença ("Escute, aprenda e viva mais"), dentre outros assuntos.
O laço vermelho como surgiu
Um laço cor de rosa se tornou símbolo de luta contra o câncer de mama. Já o de cor amarela representa a conscientização dos direitos humanos dos refugiados de guerra. O lilás é usado para lembrar a violência urbana. E o vermelho, como vocês já devem ter visto, é o símbolo de solidariedade e comprometimento no combate à AIDS.
Idealizado em 1991 pelo grupo de profissionais de arte de Nova York, Visual Aids, para homenagear amigos e colegas que haviam morrido de AIDS, o símbolo ganhou a cor vermelha por estar associada ao sangue e à paixão.
Diz a lenda, o laço vermelho foi adotado por ativistas americanos como adereço nas roupas para simbolizar o V da vitória só que invertido. Caso a cura da doença fosse alcançada, o laço voltaria a ser usado na posição correta.
Outra versão, de origem irlandesa, afirma que o adorno surgiu na época em que mulheres de marinheiros usavam laços vermelhos na frente de suas casas quando os maridos morriam em combate.
Prevenção: como não se pega
Veja as recomendações do Ministério da Saúde sobre formas de prevenção contra o vírus HIV:
O vírus da AIDS pode ser transmitido das seguintes formas:
Sexo vaginal sem camisinha
Sexo anal sem camisinha
Sexo oral sem camisinha
Uso de seringa por mais de uma pessoa
Transfusão de sangue contaminado
Na gravidez, no parto ou durante a amamentação, se a mãe estiver infectada
Instrumentos não esterilizados que furam ou cortam
Abaixo, vemos como não se contrai AIDS:
Sexo, desde que com uso de camisinha
Masturbação a dois
Beijo no rosto ou na boca
Suor e lágrima
Picada de inseto
Aperto de mão ou abraço
Sabonete, toalhas e lençóis
Talheres e copos
Assento de ônibus
Piscina
Banheiro
Doação de sangue
Pelo ar
Veja mais informações no site http://www.aids.gov.br