Depois de se tornar o herói da classificação do Brasil para as quartas de final da Copa do Mundo, ao defender dois pênaltis e ver mais uma cobrança do Chile explodir na trave, o goleiro Julio César desabafou em entrevista coletiva no Mineirão, em Belo Horizonte. Para ele, que foi eleito pela FIFA como o melhor jogador da partida, a eliminação da Seleção Brasileira no Mundial de 2010, na África do Sul, quando ele foi acusado de ter falhado na derrota por 2 x 1 para a Holanda, agora fica definitivamente no passado.
“Você sair de uma Copa taxado como vilão é muito complicado. Em quatro anos tive que ter um equilíbrio emocional e psicológico muito grande. Eu me apoiei na minha família. Nada é por acaso. Se você tem um sonho, corra atrás de seu sonho, não desista nunca. Sei que ainda não conquistamos nada, mas a partida de hoje me dá uma força maior para entrar nos próximos jogos e ajudar meus companheiros. Desculpa se falo bastante, mas tenho que resumir os últimos quatro anos”, disse o goleiro.
Ele fez questão de agradecer e dedicar a classificação não apenas à família, pais, esposa e filhos, mas também aos companheiros de Seleção, à comissão técnica e ao povo brasileiro. “Muita gente vem comentando, individualmente, falando da minha pessoa, muitos questionamentos sobre a minha convocação. Não posso nunca deixar de agradecer ao Felipão, ao Parreira, à comissão técnica, tudo que eles vêm fazendo por mim. E o que meus companheiros de seleção fazem por mim também é incrível, sempre com uma mensagem de carinho, de motivação”, disse.
O apoio dos companheiros antes das cobranças de pênalti chegou a emocionar o goleiro, mas ele manteve o foco para conseguir se tornar o nome do jogo. “Eu me preparei emocionalmente e psicologicamente muito bem para essa Copa. Nunca escondi que sou um cara emotivo, nunca deixei de ser eu, e o choro foi porque vários jogadores chegaram para mim, me dando uma força, falando coisas lindas, bacanas. E eu não consegui me segurar. Eu sabia que tinha que estar focado naquele momento tão importante para a gente continuar na Copa do Mundo. Quando começaram as penalidades, me foquei bastante para poder fazer o meu trabalho da melhor maneira possível”, lembrou.
Por fim, ele disse que, mesmo muito feliz, espera que os próximos jogos não sejam tão sofridos. “Estou muito feliz. Acho que o povo brasileiro precisava disso, nós jogadores também, todo mundo. A gente sabia que seria um jogo muito difícil, o Chile vem fazendo um bom trabalho nos últimos três anos. Só espero que nas próximas partidas não seja desse jeito, nos pênaltis, porque se não nossos familiares vão sofrer do coração”, brincou.