O Grêmio está fora da Copa do Brasil. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu nesta quarta-feira (3) excluir o clube gaúcho da competição por conta das ofensas raciais de parte de sua torcida ao goleiro Aranha, do Santos, na partida da última quarta-feira, na Arena, em Porto Alegre. Dos cinco auditores do STJD, três já acompanharam o voto do relator Francisco Pessanha, que pediu a exclusão do Grêmio e multa de R$ 50 mil.
A Procuradoria usou termos como `repugnantes`, `nefastas` e `ultrajantes` para definir as injúrias raciais contra o atleta do Santos.
O clube gaúcho foi denunciado pelo artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. O Grêmio ainda recebeu multa de R$ 4 mil pelo arremesso de um rolo de papel higiênico no gramado e pelo atraso para entrar em campo. Ainda pode haver recurso no Pleno.
O árbitro Wilton Pereira de Sampaio, que não relatou inicialmente na súmula as ofensas ao goleiro Aranha, foi punido com 45 dias de suspensão. Os auxiliares Kléber Lúcio Gil e Carlos Berkenbrock e o quarto árbitro Roger Goulart levaram 30 dias de suspensão.
No jogo entre Grêmio e Santos em Porto Alegre, vencido pelo time paulista por 2 a 0, a partida foi paralisada aos 42 minutos do segundo tempo, quando Aranha reclamou com o árbitro por estar ouvindo injúrias raciais por parte de torcedores do clube gaúcho. Imagens de câmeras de televisão flagraram uma torcedora, posteriormente identificada como Patrícia Moreira, chamando Aranha de "macaco".
Os torcedores que forem identificados pelas ofensas estão proibidos de frequentar estádios por 720 dias.
No julgamento, o primeiro a depor foi o presidente do Grêmio, Fábio Koff, que disse que as atitudes de poucos torcedores prejudicam a imagem do clube.
- Este julgamento atinge um clube com 111 anos de história, que tem atletas de cor nas escolinhas, nos alojamentos da base, no profissional. O Grêmio não apóia, não subsidia ninguém, não dá ingressos para torcidas organizadas. Talvez isso justifique a revolta desses `bandos`.
Julgado pelos artigos 261-A e 266, assim como seus assistentes na partida, o árbitro Wilton Pereira Sampaio também prestou depoimento e afirmou que não interrompeu a partida pois não percebeu as ofensas ao goleiro.
- Quando me dirigi ao atleta, disse a ele que ficasse tranquilo, que não tivesse nenhuma conduta agressiva em relação à torcida. Disse ao técnico Edu Dracena que se fosse percebido algo em relação a isso a partida seria suspensa. Após o jogo não foi me passado nada. Ao chegar vi a reprise do jogo e as notícias na Internet e fiquei assustado e resolvi fazer o adendo à súmula.