A presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira que a suspensão do programa Minha Casa Melhor, de aquisição subsidiada de móveis e eletrodomésticos, ocorreu devido à inadimplência dos beneficiários. Dilma afirmou que o governo avalia a possibilidade de inserir o programa dentro de outro programa, o Minha Casa Minha Vida. A informação foi dada após uma cerimônia de entrega de 1.472 unidades habitacionais em Araguari (MG).
— O Minha Casa Melhor nós estamos revendo. Porque, ao contrário do Minha Casa Minha Vida, que tem baixíssima inadimplência, o Minha Casa Melhor começou com inadimplência. Estamos avaliando incluí-lo no Minha Casa Minha Vida — disse.
Para uma plateia efusiva em seu favor, a presidente disse em seu discurso que o ajuste fiscal que seu governo está propondo não é “um fim em si mesmo”, e sim uma forma de manter os investimentos em programas sociais. A presidente fez uma digressão, lembrando da crise econômica de 2008 e disse que agora o Brasil enfrenta um novo momento da crise, contra a qual os ajustes são necessários.
— Nós estamos entrando agora numa nova fase de enfrentamento da crise onde várias medidas diferentes serão necessárias. Uma nova trajetória para que nós possamos crescer. Não é que nós iremos querer voltar atrás para algum outro momento. Não. Nós queremos melhorar ainda mais o que nós já conquistamos. Por isso é que nós estamos fazendo essas correções e esses ajustes — discursou.
No Congresso Nacional e junto a movimentos sindicais, as medidas de ajuste fiscal do governo têm sido criticadas. Esta semana, uma das medidas, enviada por Dilma sob a forma de MP, foi devolvida para o Executivo pelo presidente do Congresso, senador Renan Calheiros. Aos beneficiários do Minha Casa Minha Vida, a presidente chamou o ajuste de "esforço" para que os programas sociais continuem.
— Nós estamos fazendo um imenso esforço para que o Brasil, não só continue fazendo esses programas sociais, mas também que o Brasil amplie os investimentos, tenha uma economia próspera e continue gerando emprego e renda para sua população. Esse esforço passa por correções. Mas as correções não são um fim em si mesmas, são para garantir programas como este que nós as fazemos — afirmou a presidente.
Antes dela, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), falou, procurando dar ânimo à presidente diante do que chamou de "quadra de dificuldades". Ele citou um trecho de Guimarães Rosa, escritor bastante festejado por Dilma, a incitando a ter coragem:
— Estamos atravessando uma quadra de dificuldades. É preciso fazer os ajustes necessários nas contas públicas para garantir a caminhada rumo à posteridade. Temos a sorte de ter na liderança do país nossa companheira coração valente, a presidente Dilma Rousseff. Coragem é o que não falta à presidente Dilma para enfrentar os desafios. Coragem, presidenta!
Em uma brevíssima entrevista após o evento, Dilma evitou responder a questionamentos sobre o pedido de arquivamento de investigação por parte do procurador geral da República, Rodrigo Janot, no âmbito das apurações do escândalo da Petrobras. Depois da cerimônia de entrega de casas, Dilma foi ao encontro de jornalistas que cobriam o evento, mas falou apenas sobre o programa Minha Casa Minha Vida.
A cerimônia contou com a presença dos ministros Gilberto Kassab (Cidades) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário), além de Pimentel. No ato, foram entregues 1.472 casas térreas de 44 m2 com dois quartos, sala, banheiro, cozinha e área de serviço. Os beneficiários das casas são famílias cuja renda é de até R$ 1.600. Os candidatos a receberem o benefício se cadastram e são sorteados. Ao receberem as casas, passam a pagar uma prestação que corresponde a até 5% da renda familiar.
Antes do evento, Dilma visitou uma das casas, a da moradora Karina da Silva, que tem quatro filhos. A presidente da Caixa, Miriam Belchior, e o prefeito de Araguari, Raul Belém (PP), também entraram na casa. Na solenidade foram entregues as chaves para cinco famílias, todas tendo mulheres como chefes.