Depois de cinco meses de atraso e dois adiamentos, a Petrobras apresentou nesta quarta-feira (22) o balanço auditado de 2014. A estatal admitiu que as perdas com a corrupção, com a má gestão e a desvalorização de bens e equipamentos superaram os R$ 50 bilhões.
A Petrobras registrou no balanço um prejuízo de R$ 21 bilhões. E o endividamento da empresa aumentou.
A nova diretoria da Petrobras levou dois meses para fazer o balanço. E apresentou nesta quarta o que considera um esforço para mostrar o tamanho real da empresa.
Em 2014, a Petrobras teve um prejuízo de R$ 21,6 bilhões.
Entre os motivos estão a desvalorização do patrimônio, a queda no valor do barril de petróleo e também os desvios em esquemas de corrupção. R$ 6,2 bilhões.
O percentual de 3% de propina, indicado nos depoimentos da Operação Lava-Jato, foi utilizado para estimar o tamanho do rombo.
O balanço foi aprovado por auditores externos – sem ressalvas. Os números foram comentados pelo novo presidente da empresa.
Durante a entrevista, Aldemir Bendine pediu desculpas pelos desvios ocorridos na Petrobras. E disse que a empresa já começou a mudar as práticas de gestão para dar mais credibilidade às decisões da companhia. Mas, segundo ele, será um trabalho profundo e de longo prazo.
“Estamos dando um passo fundamental em direção ao pleno resgate da credibilidade da Petrobras junto aos seus acionistas, fornecedores, ao mercado, e à sociedade. Estamos passando a limpo os erros cometidos no trato com os recursos da companhia para podermos lidar com o mercado, dar transparência que este exige e merece receber”, afirmou o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine.
Os problemas de gestão e de planejamento também afetaram o patrimônio da empresa. A perda foi de R$ 44 bilhões. E atingiu projetos estratégicos.
Só a refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – o Comperj – perderam R$ 31 bilhões.
“A gente não tem uma metodologia adequada para separar, diante dessa baixa, o que é erro de projeto, erro de planejamento, ineficiência na condução do projeto. Enfim, é uma série de fatores que levam um projeto a não performar da forma como foi imaginado que trouxe a este valor”, completou presidente da Petrobras.
Diante dos resultados, os acionistas não terão direito à distribuição de lucros e dividendos.
Mas nem tudo foi negativo
A produção de petróleo e gás cresceu 5% no ano passado. E quatro novas plataformas entraram em operação.
Os números foram divulgados no início da noite, após o fechamento da Bolsa. A repercussão nas ações só será conhecida nesta quinta-feira (23).