O novo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Sérgio da Rocha, afirmou nesta sexta-feira que a Igreja precisa ouvir o povo e criticou a PL da terceirização e a redução da maioridade, entre outros projetos discutidos no Congresso. Arcebispo de Brasília, Rocha tomou posse hoje ao final da assembleia da CNBB, em Aparecida (SP). Para a CNBB, o momento coloca em risco a democracia do País.
O arcebispo deve seguir a linha do antigo presidente, Dom Raymundo Damasceno, que se manifestava frequentemente sobre as questões políticas e sociais. Em nota divulgada nesta sexta-feira ao fim da assembleia, a CNBB voltou a criticar o Congresso e elencou medidas em trâmite no Legislativo que podem "trazer prejuízo à população, aos trabalhadores e, principalmente, aos mais pobres".
— A eleição de uma nova presidência não significa uma mudança radical nos rumos da compreensão episcopal. A presidência não age sozinha de acordo com suas ideias, tem sim uma marca, meu jeito não é o mesmo do Dom Damasceno, mas nós estamos procurando dar sequência aquilo que tem sido o papel da CNBB na igreja. Então, essa postura profética vai continuar. Os pronunciamentos não são nossos, nós elaboramos juntos com o episcopado - afirmou o novo presidente.
"A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida em sua 53ª Assembleia Geral, em Aparecida-SP, no período de 15 a 24 de abril de 2015, avaliou, com apreensão, a realidade brasileira, marcada pela profunda e prolongada crise que ameaça as conquistas, a partir da Constituição Cidadã de 1988, e coloca em risco a ordem democrática do País", diz o início da nota.
A CNBB critica, no texto, "posições revanchistas ou de ódio que desconsiderem a política como defesa e promoção do bem comum" e a corrupção em órgãos públicos e em instituições da sociedade. Também diz faltar diálogo do governo com a população quando implanta, por exemplo, projetos na Amazônia.
Em seguida, o texto aborda a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215/2000, que diz ser uma "afronta" ao povo indígena, a PEC 171/1993, a redução da maioridade penal, o PL 3722/2012, que altera o Estatuto do Desarmamento, e encerra falando sobre a importância da reforma política no Brasil.
Questionado sobre as montagens que circulam na internet associando a campanha pela reforma encampada pela CNBB com o PT, o presidente da CNBB lamentou o que chamou de "mal entendido".
— A Igreja tem o dever de se pronunciar e, ao se pronunciar sobre questões sociais e políticas, é normal haver um mal compreendido e ter essa acusação de governista. A palavra da Igreja é profética, fundamentada na palavra de Cristo. Não é uma posição político-partidária — afirmou Dom Sérgio da Rocha.