Durante a 19ª Parada do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) de São Paulo, realizada na tarde de domingo (7) um ato chamou a atenção: uma travesti crucificada como Jesus Cristo. A imagem causou polêmica e dividiu opiniões nas redes sociais nesta segunda-feira (8).
“Que tristeza ver essa imagem! O que Jesus tem com isso? Quanto deboche! Quanta falta de respeito, meu Deus! Tenho muitos amigos gays, adoro todos e respeito a opção de cada um, não vamos generalizar, mas desrespeitar quem 'deu a vida por você' já passou dos limites! Muito triste isso... Onde vamos parar com isso? Quem fez isso trate de pedir perdão a Jesus...”, escreveu o jogador Léo Moura, que foi batizado na Igreja Evangélica em 2012.
Para o cantor gospel Thalles Roberto “isto é cuspir no nome que está acima de todos os nomes”.
O deputado e pastor Marco Feliciano disse que são "imagens que chocam, agridem e machucam". "Não sou católica, mas meu coração cortou ao ver essa foto! Nossa, não tem necessidade uma coisa dessas", escreveu uma internauta.
AMEAÇAS
A encenação foi feita pela modelo transex Viviany Beleboni com o objetivo de “representar todas as mortes e agressões que vêm acontecendo contra a classe LGBT, também por falta de leis”, escreveu ela nas redes sociais.
Segundo a modelo, até mesmo representantes do movimento LGBT criticaram o ato. “Eu fui e dei minha cara a tapa, não me importo com comentário de vocês, dessa classe LGBT desunida. Sempre foi assim. Já sabia que iria acontecer isso, acharam muito forte, agressivo, como se agressão saísse purpurina do corpo e confete em vez de sangue e hematoma. Jesus morreu por todos e foi humilhado, motivo de chacotas, agredido e morto, que é o que vem acontecendo diariamente com LGBTs, por não termos leis", escreveu.
Viviany contou ainda que desde a manhã de hoje v em recebendo ameaças nas redes sociais. "Muito obrigada por todos os agradecimentos, porém o negócio está ficando sério, recebendo ligações de morte e agressões inúmeras em minhas fotos e por inbox", relatou.
COMPARAÇÕES
Nas redes sociais, houve comparação da imagem com à da capa da revista Placar, que trouxe Neymar retratado como Jesus Cristo, com o título: "A crucificação de Neymar". ''Não lembro de ter visto vocês chorarem tanto quando saiu essa capa aqui", disse Rubinho Martins, um dos usuários da rede social.
“A imagem da "Travesti crucificada" te chocou? Pois bem, era pra chocar. Era pra chamar a sua atenção, hipócrita. Provocação? Provocação é quando 1 pessoa é morta a cada 28 horas no Brasil por crimes homo-transfóbicos e mesmo assim nossos parlamentares se recusam a criar leis pra nos defender. A imagem nem é uma imagem forte. Imagem forte é que a vítima de homofobia vê no espelho”, escreveu o internauta Fernando Alves.
“Gente, trans são mortas todos os dias, crucificadas todo o dia. A imagem da Parada era isso. Interpretem. Pensem. Não dói, faz bem”, escreveu o internauta Raphael Tsvkko.