Consumidores, além de pequenos e médios empreendedores que atuam em vendas na internet, estão recebendo o que pode ser a pior notícia do ano: os preços de fretes junto aos Correios serão reajustados e sofrerão aumentos de até 51%. As mudanças devem entrar em vigor na próxima terça-feira, dia 6 de março.
O aumento é considerado abusivo, pois a inflação do último ano foi em torno de 3%, enquanto os 51% previstos para o reajuste dos Correios superam em dezessete vezes o cálculo oficial do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA.
Em comparação a outros países da América Latina, caso as alterações realmente entrem em vigor na semana que vem, o nosso frete será 42% mais caro do que o da Argentina, 160% mais caro que o frete mexicano e 282% mais caro que o serviço de entregas da Colômbia.
Uma das maiores plataformas de e-commerce do Brasil, o Mercado Livre, publicou nesta terça (27) a campanha #FreteAbusivoNão, convidando a população a compartilhar a hashtag nas redes sociais contra a decisão dos Correios.
O aumento dos preços trará grandes impactos
Para os pequenos e médios empreendedores, que vinham encontrando no marketplace uma forma de burlar a crise e o desemprego, o reajuste vai pesar no bolso. Além do maior custo de envio das mercadorias, pode haver queda das vendas provocada pelo aumento dos preços.
Oferecer frete grátis, um dos diferenciais que chamam atenção dos compradores, pode se tornar inviável ou aumentar os preços das mercadorias, deixando de ser vantajoso.
Para os consumidores, em especial aqueles que moram em cidades afastadas dos grandes centros urbanos, as compras online podem se tornar extremamente caras, inviabilizando o comércio e diminuindo o poder de compra.
E o pior está por vir: foram criadas taxas completamente surreais alegando o risco de algumas cidades brasileiras, como é o caso do Rio de Janeiro. Para cada envio originado ou com destino à Cidade Maravilhosa será cobrado um valor extra de R$ 3.
Não há sinais de que os entregadores dos Correios, que são os profissionais que lidam diretamente com os riscos urbanos, terão repasses em seus salários das taxas absurdas que podem entrar em vigor.
Correios se defendem
Ainda na noite do dia 27, os Correios publicaram, em suas redes sociais, uma nota de esclarecimento, defendendo que a campanha iniciada pelo Mercado Livre com a hashtag #FreteAbusivoNão é tendenciosa ao falar em 51% de aumento.
De acordo com a empresa, a média de acréscimo nos valores do frete serão na ordem dos 8%, que ainda compreende quase três vezes o valor do cálculo oficial do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA.
Na nota, os Correios também repudiam a comparação dos valores brasileiros com os praticados em outras nações da América Latina, uma vez que os territórios dos outros países é consideravelmente menor.
Por fim, a nota reforça que os Correios desejam que o aumento nos valores do frete não enfraqueçam os negócios de e-commerce do país.
Para isso, a empresa chama a atenção para os pacotes de benefícios exclusivos para os marketplaces brasileiros, com descontos de até 30% no SEDEX e 13% no PAC, quando em comparação com os preços praticados comumente nas agências.