Para manter a saúde em dia, muita gente procura a academia para tonificar bíceps, tríceps, quadríceps, glúteos e o que mais o preparador físico recomendar. Mas existe uma parte do corpo que precisa ser exercitada pelas mulheres desde a adolescência e que não está na ficha do treino: o assoalho pélvico.
O que é o assoalho pélvico?
O assoalho pélvico é um conjunto de estruturas formado por músculos, ligamentos e fáscias [tecidos que envolvem os músculos] que serve para segurar os órgãos da pelve como útero, bexiga, reto e próstata. Nos homens, o enfraquecimento desse conjunto não é comum, mas, nas mulheres, a presença do orifício do canal vaginal deixa o assoalho mais frágil.
Sem o devido cuidado, os órgãos que deveriam ser sustentados por essa estrutura podem se deslocar ou mesmo cair. A consequência são problemas que costumam ser muito desconfortáveis e até constrangedores, como incontinência urinária e fecal, bexiga hiperativa e dor na relação sexual.
“São lesões que ocorrem no longo prazo e normalmente aparecem depois da menopausa, já que a queda dos níveis de estrogênio aceleram o enfraquecimento muscular e a perda de colágeno”, afirma o ginecologista Rodrigo de Aquino Castro, do Hospital Samaritano Higienópolis.
“Quanto mais pressão você tem na barriga, mais risco. Isso inclui fatores como obesidade, tosse crônica, exercícios físicos muito intensos e várias gestações, independentemente do tipo de parto. Tudo isso aumenta a pressão na barriga e pode empurrar os órgãos para baixo se você não tem um fortalecimento adequado dessas estruturas”, explica a uroginecologista Lilian Fiorelli, da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
O parto normal é uma das principais causas de lesão no assoalho pélvico, mas isso não significa que as mulheres precisam optar pela cesariana para evitar o problema. Um preparo adequado, com exercícios de fortalecimento, reduz os riscos de prejudicar as estruturas.
Cuidar bem do assoalho pélvico não serve “apenas” para evitar a queda e o deslocamento dos órgãos. Essa prática contribui muito para a qualidade da vida sexual das mulheres – e, consequentemente, de seus parceiros. “Vejo um aumento muito grande na satisfação sexual das mulheres que passam a preparar bem o assoalho pélvico. A sensibilidade na região aumenta, pois há mais circulação sanguínea no local, a lubrificação fica melhor e a mulher consegue englobar mais o pênis, o que aumenta o prazer. Isso tudo faz muito bem para a libido e o desejo”, relata Lilian.
Como malhar seu assoalho pélvico
Falar com seu treinador e pedir para incluir o assoalho pélvico na lista de exercícios não é o caminho para cuidar da saúde dessa estrutura.
O primeiro profissional que você deve procurar é o ginecologista, que poderá avaliar se você tem consciência corporal e consegue contrair o local certo.
“Sair fazendo exercício sem a devida orientação pode até ser prejudicial, pois a mulher pensa que está contraindo o assoalho pélvico mas está exercitando outros músculos que pioram o prolapso vaginal e a incontinência”, alerta Lilian Fiorelli, do Albert Einstein.
Depois dessa orientação inicial, a mulher pode procurar um fisioterapeuta pélvico, que é o profissional especializado nesse tipo de cuidado. Outra alternativa são práticas como ioga e pilates, que englobam exercícios para fortalecer o local. É possível até contar com a ajuda de aplicativos e jogos no celular: dispositivos conectados ao aparelho são colocados na vagina, e a mulher interage no game contraindo o assoalho pélvico.
O pompoarismo, técnica que tem como objetivo fortalecer os músculos do assoalho pélvico, também é recomendado, mas costuma exigir um pouco mais de experiência e consciência corporal para ser aplicado.