Se antes a cortina de fumaça que pairava sobre a cidade de Curionópolis (PA) e o projeto de Mina Serra Leste era de dúvidas e acusações, de informações desencontradas e sem fontes: entre os meses de junho e julho deste ano chegaram a publicar em rede social que a tão sonhada ‘licença’ estaria liberada e, neste mesmo período, aliados e assessores do gestor municipal chegaram a dizer que seriam realizadas licitações para levar 50 ônibus cheios e comprar suprimentos alimentícios para aproximadamente 1.500 pessoas para irem até Belém (PA), pressionar a SEMAS e o governo Estadual. Hoje, a nova cortina de fumaça é oriunda da queima de pneus, de pedaços de madeira e de entulhos em plena rodovia PA-275, sentido Marabá (PA).
Tal medida extrema tornou-se realidade na manhã desta terça-feira (15), quando moradores e visitantes, professores e estudantes, agentes de saúde e pacientes, empresários e clientes, políticos e eleitores, e os principais interessados na manifestação: empregados e colaboradores da mineradora Vale que temem perder seus empregos, juntaram-se após uma reunião no espaço do Clube Natural Bosque, no Centro da cidade, e de lá mesmo já partiram para a manifestação depois de esgotadas as tentativas de diálogo com a SEMAS e a Vale para que houvesse a liberação da licença ou que externassem uma explicação plausível para a situação.
O medo de perder seus empregos fez com que os trabalhadores se expusessem desde as 10:30hs da manhã em plena rodovia, ateando fogo em materiais para chamar a atenção da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e do Governo Estadual para a situação em que se encontram, ainda mais com a confirmação da proposta da Vale de pagar 50% dos salários até janeiro enquanto os trabalhadores ficam em casa ociosos. Percebe-se que a Vale vem tentando a todo custo diminuir seu ônus com o quadro de pessoal na Mina de Serra Leste – concedeu férias coletivas em dois momentos e agora propôs a licença remunerada como alternativa para que não sejam feitos cortes nos empregos.
A manifestação conta com a presença do Grupo ‘Só Queremos Trabalhar‘, encabeçado por uma comissão de trabalhadores da mineradora, que afirmam estarem dispostos a ficarem na rodovia o tempo que for preciso até que a licença seja liberada ou que o Governo Estadual ou a SEMAS dê/deem uma posição. “Precisamos resolver esse problema porque são centenas de pais de família ameaçados de desemprego. A paralisação do projeto está afetando toda a cidade”, diz Josafá Costa, empregado da Vale.