Presidente do Incra, Maria Lúcia Falcon assumiu três compromissos com os movimentos sociais, de voltar em maio e passar uma semana na região se reunindo com eles (Movimentos Sociais) e prefeitos, para tratar de ações para a reforma agrária.
Disse que não tem como mais discutir o campo sem a participação da cidade. “A vida das pessoas depende uma das outras. Vamos começar a trabalhar com visão de território, que envolve campo e cidade”, frisou.
A presidente adiantou que o nome dessa ação será “Incra Itinerante”. Outro compromisso foi acelerar a criação dos projetos de assentamentos das ocupações que estão em área pública. “Vamos unir esforço nesse sentido”, prometeu, frisando que será dada prioridade a essas áreas em face do ajuste fiscal que o governo está fazendo e que requer contenção de gastos.
O terceiro compromisso da presidente do Incra foi trabalhar um plano de desenvolvimento para os projetos de assentamentos de todos os 39 municípios da região, avaliando a peculiaridade de cada um, para ver qual o melhor investimento para desenvolvê-lo. Na opinião dela, trabalhar um plano de desenvolvimento territorial vai acelerar as ações e é mais fácil de captar recursos.
“Vamos sair do varejo para o atacado”, disse Maria Lúcia, observando que da forma como hoje é conduzida as ações, assentamento por assentamento, fica mais difícil implementar os projetos.
CPT diz que morosidade fomenta violência no campo
O advogado da Comissão Pastoral da Terra, José Batista Afonso, diz que a realidade da reforma agrária é crítica e a morosidade do governo na criação de projetos de assentamentos fomenta a violência no campo. Segundo ele, têm mais de 120 fazendas ocupadas, algumas há mais de 20 anos, sem que o conflito tenha sido resolvido.
Batista sustenta que quanto mais tempo o Estado leva para resolver o conflito, aumenta a possibilidade de ocorrer atos de violência naquele local. Ele dá o exemplo da chacina recente de Conceição do Araguaia, do assassinato da fazenda Gaúcha em 2014 e do duplo homicídio do casal de extrativistas em Nova Ipixuna em 2011. “A morosidade do Estado em resolver a questão agrária é uma das causas da permanência da violência no campo”, denuncia.
Por isso, ele ressaltou a importância da presença do ministro do MDA e da presidente do Incra na solenidade na Curva do S. “Viemos aqui para saber o que eles têm a nos dizer”, pontuou.
Para Batista, a reforma agrária tem sido uma pauta secundária para o governo federal. “A prioridade do governo hoje é para outras áreas, como para o setor do agronegócio, porque o governo não tem nenhuma intenção de confrontar os ruralistas, que são peças importantes na sua base de sustentação no Congresso”, acusa.
Na opinião de Batista, ou se inverte essa situação, ou o governo não pode dizer que está fazendo reforma agrária. “Os trabalhadores estão praticamente sozinhos nessa luta e vulneráveis a violência”, lamentou.