Com 80% do desmatamento concentrado em áreas menores que 500 metros quadrados e fora do alcance dos satélites de monitoramento rápido, a devastação da Floresta Amazônica mudou de padrão e somou 6.451 km2 entre agosto de 2009 e julho de 2010, informou ontem o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O corte da floresta de forma pulverizada é explicada pelo diretor do Inpe, Gilberto Câmara, como uma forma de driblar a fiscalização. “É picaretagem, uma tentativa de fugir dos satélites”, disse, anunciando que o instituto vai ampliar o foco dos satélites para passar a captar em tempo real os desmatamentos em áreas menores de 50 hectares.
MENOR TAXA
Os números do desmatamento foram anunciados ontem em solenidade no Palácio do Planalto, em Brasília. É a menor taxa desde o início da série histórica, em 1988, e um segundo recorde consecutivo. A queda, em relação ao ano passado, foi de 13,6%. O porcentual, no entanto, ficou aquém da expectativa do governo, conforme antecipou o Grupo Estado.
O Pará manteve-se no topo do ranking dos Estados que mais desmatam, pelo quinto ano consecutivo. Sozinho, foi responsável por 57% do desmatamento registrado entre agosto de 2009 e julho de 2010. O Mato Grosso, que já ocupou a liderança desse ranking, ficou em segundo lugar, com 13% do total.
O abate de árvores sofreu queda em toda a região, com exceção de dois Estados: Acre e Amazonas. O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Abelardo Bayma, atribuiu ao avanço da pecuária o corte de áreas na floresta: “É gado”, disse.
A queda no ritmo das motosserras na Amazônia é o maior trunfo brasileiro nas negociações do combate ao aquecimento global. “Vou a Cancún com o cumprimento antecipado da meta prevista para 2016”, afirmou a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente), referindo-se à Conferência do Clima, que se realiza no México. (Agência Estado)