Reduzir as despesas variáveis e evitar as famosas promoções. Estas são apenas duas das inúmeras dicas concedidas por economistas para quem só começa a planejar o orçamento financeiro anual depois do Carnaval. Conforme orientam os especialistas, nunca é tarde para reordenar o balanço contábil das famílias - atitude que exige a colaboração de todos no lar.
De acordo com pesquisa da Federação do Comércio do Estado do Pará (Fecomércio-PA), cerca de 80% da população paraense economicamente ativa estão endividadas, sendo que 40% dos consumidores do Estado apresentam dívidas em atraso e 10% não terão como pagar estas contas. Para evitar que o problema se alastre, o especialista em economia doméstica, Oberdan Pinheiro, afirma que uma das saídas pode ser o reparcelamentos das faturas atrasadas.
Ainda assim, a medida exige alguns cuidados, pois, em certos casos, a solução pode agravar o colapso financeiro, com incidência excessiva de juros, e a constituições de parcelas infindáveis.
Segundo sugere o economista, identificar a dívida mais pesada - como financiamento de carros e empréstimos pessoais-, e renegociá-la, é uma saída que só pode ser adotada caso os juros não sobreponha o valor da conta. Outra dica concedida por Duarte é juntar as pequenas parcelas de várias compras, e quitá-las a partir de um empréstimo pessoal. 'Neste caso, vamos concentrar as despesas em uma conta só, ao invés de várias continhas menores', pontua, enfatizando que funcionários de empresas públicas ou privadas podem lançar mão de um empréstimo consignado, que como vem descontado na folha de pagamento, tem juros mais baixos.
Oberdan garante que apenas essas medidas não bastam. 'É preciso também praticar orçamento, separando as despesas fixas das variáveis. Tudo aquilo que puder ser reduzir, é necessário ter força de vontade para fazer os devidos cortes', orienta. Neste caso, um balanço das receitas e das despesas é indispensável para o sucesso do planejamento das famílias.
O economista diz que as despesas fixas - como a prestação de um carro, o aluguel, o condomínio -, que não sofrem alteração de um mês para o outro, devem ficar a parte das dívidas variáveis, que são as contas de água, de luz, de telefone, e de supermercado. 'Estas continhas variáveis podem ser reduzidas, sobretudo evitando desperdícios e gastos supérfluos. Basta se policiar', argumenta.
O mais importante, segundo afirma Duarte, é manter o controle na hora de gastar. 'Tem o impulso ao consumismo, que é um dos maiores problemas da população brasileira. Evitar as famosas promoções, sobretudo quando não se precisa do produto ofertado, é outra saída importante', ressalta. A organização das dívidas depende também da família, diz Duarte. 'É preciso que todos os membros passem a aderir ao reordenamento das contas, já que esta é uma missão que vai alterar a vida de todos', comenta.
De acordo com a Diretoria de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon /Pa), para renegociar a dívida é preciso tomar algumas precauções. 'A melhor forma é se dirigir ao fornecedor - seja uma loja, ou um banco -, e tentar pagar a conta à vista. Se for reparcelar, é preciso ficar atento aos juros, e, principalmente, ao contrato', sugere.