O segmento de automóveis e comerciais leves continua a impulsionar os números de vendas da indústria automobilística nacional, já que o setor de caminhões passa por um turbulento ano. No entanto, para manter alto o volume de emplacamentos, o governo usou e "abusou" do artifício de garantir descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros. Com mais uma prorrogação - até o fim deste ano - e mais lançamentos de modelos, as vendas de automóveis e comerciais leves chegaram a 326.917 unidades em outubro, alta de 17,7% sobre o mês anterior.
O resultado representa o melhor outubro e o melhor acumulado para o segmento - de janeiro a outubro foram emplacadas 2.993.696 unidades, aumento de 7,2% sobre o mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados na terça-feira (6) pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Como a previsão inicial era de que o desconto no IPI terminasse no fim de outubro, os números do mês levam em conta também uma parcela de antecipação de compra. Em setembro, quando houve queda em relação ao recorde de agosto, as vendas no segmento somaram 277.597 unidades. Há se considerar ainda que outubro teve 3 dias úteis a mais que o mês anterior.
Na comparação com outubro do ano passado, o aumento nas vendas chega a 23,9% já que, no período anterior, os emplacamentos somaram 263.776 unidades.
Mesmo assim, a previsão de vendas de automóveis e comerciais leves neste ano foi reduzida, embora ainda seja de alta.
Segundo as novas projeções da Fenabrave, o segmento crescerá até 4,8%, e não mais 8,05%, como era esperado antes. Assim, o país deve fechar o ano com 3.562.571 carros emplacados.
O presidente da Fenabrave, Flavio Meneghetti, considera esse cenário como positivo. Isso por considerar o movimento das montadoras para atingir metas de participação de mercado no ano, que aumenta as promoções e pressionam os concessionários. Além disso, ele afirmou que as locadoras estão antecipando as compras. "O efeito rapel existe", disse o presidente da Fenabrave, ao levar em conta que as compras de frotistas como as locadoras são negociadas diretamente com as montadoras.
A federação não espera que o IPI mais baixo se estendido para 2013. "Como no ano que vem entra o novo regime automotivo, parece não haver espaço para a prorrogação do benefício", afirmou o presidente da Fenabrave.
Total de veículos
Ao considerar todo o setor de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), as vendas no Brasil subiram 18,5% no mês, de 288.104 para 341.663. No acumulado de janeiro a outubro, o volume chega a 3.130.818 — crescimento de 5,67% sobre as 2.962.864 unidades emplacadas no mesmo período de 2011.
Ainda com vendas abaixo da expectativa, mas já em recuperação, o segmento de caminhões enfrenta um ano difícil, consequência da antecipação das vendas no ano passado provocada pela nova lei ambiental que entrou em vigor este ano e encareceu os produtos com novos motores e pelas dúvidas sobre o crescimento econômico brasileiro.
Em outubro, no entanto, foram emplacados 12.543 veículos pesados, número 48,1% maior do que em setembro (8.469). "A retomada da safra e a redução da taxa de juros (BNDES/Finame) começaram a influenciar no mercado de caminhões", observou Meneghetti, sobre o crescimento visto neste mês.
Na comparação anual, no entanto, a queda chega a 9,55%. Em dez meses, foram vendidos 112.639 caminhões, volume 21,55% menor do que o registrado no mesmo período de 2011.
Para os ônibus, com 2.203 emplacamentos, o mês também foi de melhora nas vendas (alta de 8,1% sobre setembro, mas queda de 25% sobre outubro de 2011). No acumulado do ano, o recuo é de 13,7%, com 24.483 unidades emplacadas.