Espremida nos seios pode frear avanço do câncer de mama
Terça-Feira, 18 de Dezembro de 2012 | 08:15hs | 1.635 visualizações |
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Fonte: O Globo
Divulgação
Pesquisadores da Universidade da Califórnia descobriram que uma boa maneira de frear células mamárias malignas é dar uma espremida nos seios. Segundo os cientistas, as descobertas mostram pela primeira vez que forças mecânicas podem reverter e interromper o crescimento incontrolável das células, que causam o câncer de mama. O resultado positivo ocorre mesmo que as mutações genéticas responsáveis pelo problema continuem.
Para a pesquisa, colaboradores cresceram células de mama em uma substância gelatinosa que foi injetada em câmaras de silicone flexíveis. Essas permitiram aos investigadores aplicar uma força de compressão nas primeiras fases de desenvolvimento.
Com o tempo, as células malignas comprimidas passaram a crescer de maneira mais organizada, com ácinos de aparência saudável, em comparação com as que não foram compactadas. Os pesquisadores também observaram o comportamento com o passar do tempo e perceberam que houve uma mudança na rotação das células, que passaram a agir da maneira que se espera.
— As malignas não se esqueceram completamente de como ser saudável. Só precisam das pistas certas para orientá-las de volta a um padrão de crescimento ideal — argumenta Gautham Venugoplan, um dos autores do estudo.
As células pararam de crescer a partir do momento que foi formada a estrutura do tecido de mama, ainda que a força de compressão tenha sido removida.
— Nós mostramos que a organização do tecido é sensível a forças mecânicas do ambiente nas fases iniciais de crescimento e desenvolvimento das células tumorais — afirmou Daniel Fletcher, um dos autores do estudo. — Pequenas compressões no estágio inicial parecem fazer estas células voltarem ao caminho normal.
Ao longo da vida de uma mulher, o tecido da mama aumenta, diminui e muda de uma maneira organizada, em resposta às alterações no ciclo reprodutivo. Quando se formam ácinos, por exemplo, as estruturas que segregam leite durante a lactação, as células saudáveis se mexem para facilitar a função. Mais importante, param de crescer quando não são mais necessárias.
Uma das características iniciais do câncer de mama é a quebra do padrão do crescimento normal. Não apenas as células cancerosas continuam a crescer de maneira irregular, como estudos recentes mostram que não se movimentam da maneira correta para formar ácinos.
— As pessoas já sabem há séculos que a força física pode influenciar nossos corpos — diz Venugopalan. — Quando levantamos pesos, nossos músculos ficam maiores. A força da gravidade é essencial para manter os ossos fortes. O que demonstramos com essa descoberta é que a força física pode também significar a reversão de células cancerosas.
Enquanto a visão tradicional de desenvolvimento do câncer incide sobre as mutações genéticas dentro de uma célula, Bissell Mina, outro autor do estudo, conduziu experiências que mostraram que as malignas não estão condenadas a tornar-se um tumor. O destino depende da interação com o ambiente circundante. A manipulação, através de inibidores bioquímicos, pode fazer com que voltem a se comportar normalmente.
Os pesquisadores ainda acrescentaram uma droga que bloqueava a caderina-E, uma proteína que ajuda as células a aderirem a suas vizinhas. Ao conseguirem isso, as malignas retornaram a suas aparências desorganizadas, o que anulou os efeitos da compressão e demonstrou a importância da comunicação entre células para a formação de uma estrutura.
Os pesquisadores, porém, lembram que não propõem o desenvolvimento da compressão como tratamento para o câncer de mama.
— A compressão, por si só, não é uma terapia — disse Fletcher. — Isso nos dá, porém, novas pistas para rastrear as moléculas e estruturas que poderiam, eventualmente, ser alvo de terapias.