Pessoas que continuam usando smartphones, tablets e notebooks depois de terem deixado seus locais de trabalho colocam sua saúde em risco, afirma a Sociedade Certificada de Fisioterapia da Grã-Bretanha. Segundo a organização, essas pessoas se tornaram "escravos tas telinhas".
Uma pesquisa conduzida pela instituição com mais de 2 mil pessoas que trabalham em escritórios mostrou que quase dois terços dos entrevistados diz continuar trabalhando em casa, além do tempo que passam no serviço. Esses workaholics passam em média mais de duas horas em frente às telas de seus aparelhos, tudo isso para aliviar a carga de trabalho durante o período normal e por causa da quantidade de atividades acumuladas.
A doutora Helena Johnson, chefe da sociedade, afirma que os dados são "extremamente preocupantes". "Enquanto trabalhar um pouco mais pode ser algo bom a curto prazo, se isso se torna algo rotineiro pode levar a problemas como dores nas costas e no pescoço, assim como o estresse elevado", analisa. "Isso ocorrerá principalmente com aqueles que não se preocupam com a postura enquando usam seus dispositivos", conclui.
O secretário-geral do Congresso das Uniões de Comércio Britânicas, Brendar Barber, alerta que trabalhar demais não faz bem a ninguém. "Funcionários sobrecarregados não apenas trabalham com menos qualidade. O estresse também pode deixá-los doentes", diz.
Para ele, a rotina está completamente fora de controle se o funcionário tem que dedicar horas extras ao trabalho praticamente todos os dias. "Quem não consegue deixar o trabalho somente no escritório precisam falar com seus chefes e devem aprender a desligar seus smartphones", conclui.
ALERTA
O uso contínuo de aparelhos como tablets, notebooks e smartphones pode causar lesões em ligamentos e articulações, além de sérios problemas na coluna, se não forem tomados alguns cuidados. O alerta é do ortopedista Rodrigo Amaral, membro do Instituto de Patologia da Coluna em São Paulo.
“Muitas vezes, as pessoas passam horas manuseando esses pequenos aparelhos, e o tempo prolongado na mesma posição e com postura incorreta pode não incomodar no início, mas provavelmente vai gerar dores no futuro”, adverte.
O grande problema do uso constante dos notebooks é que o teclado e o monitor são acoplados, o que acaba dificultando a digitação. Normalmente, o usuário apoia o computador numa mesa, forçando o pescoço para baixo, tencionando os ombros e a coluna, causando dores na coluna cervical. Ou ainda, para manter a tela na altura dos olhos, acaba elevando o computador, mas fica com dores nos braços e ombros.
O ideal para o uso de notebooks é usar acessórios como um teclado, para melhorar a posição das mãos e braços, e ainda usar um suporte para elevar a tela à altura da visão do usuário. Se não for possível usar um teclado acoplado, é necessário que a altura das teclas permita que os ombros fiquem relaxados.
“Já os problemas que os tablets e smartphones podem causar às vezes são ainda piores que os notebooks, porque as pessoas deitam na cama ou se jogam no sofá e ficam horas naquela posição mexendo nos aparelhos. Com o tempo, não há coluna que suporte. O problema não são os aparelhos, mas a postura e forma que os usuários os utilizam”, diz Amaral.