A cotação do dólar disparou na tarde desta quarta-feira durante a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Ben Bernanke, sobre o futuro da política de estímulos à economia norte-americana. A moeda fechou em alta de 1,29%, a R$ 2,2050, no maior nível desde 27 de abril de 2009. Na máxima do dia, a divisa chegou a R$ 2,2090.
O discurso de Bernanke também repercutiu nas bolsas de valores ao redor do mundo. A Bovespa intensificou o movimento de queda durante a tarde, seguindo a piora dos mercados em Nova York e fechou em queda de 3,18%, aos 47.893 pontos - é o menor nível desde 30 de abril de 2009. Nos Estados Unidos, Dow Jones encerrou em queda de 1,35%, S&P 500 recuou 1,39% e Nasdaq perdeu 1,12%.
Mais cedo, as bolsas da Europa também fecharam em baixa, depois de oscilarem perto da estabilidade durante boa parte da sessão. Os investidores permaneciam cautelosos à espera do Fed. Londres terminou o dia com queda de 0,40%, Frankfurt cedeu 0,39%, Paris caiu 0,55% e Madri perdeu 1%.
O BC dos EUA anunciou nesta tarde que manterá o seu programa de compras de títulos de US$ 85 bilhões por mês, mas sinalizou que pode acabar com os estímulos ainda neste ano. Segundo Bernanke, a ideia ainda não é uma decisão, mas foi discutida na reunião.
"O Comitê vê que os riscos à perspectiva econômica e ao mercado de trabalho diminuíram desde o outono", informou o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) após sua reunião de dois dias.
O temor é que a reversão dessa política de estímulos nos EUA impacte a entrada de recursos em países emergentes como o Brasil, o que aumentaria o desequilíbrio das contas externas. Com uma quantidade reduzida de dólares no mercado, a cotação da moeda americana ficaria ainda mais pressionada. Isso encareceria os produtos importados e produziria mais inflação, comprometendo o crescimento econômico.
Ruptura. Pela primeira vez desde setembro de 2011 houve uma ruptura entre os membros do Fed, o que também levou nervosismo aos mercados. A presidente do Fed de Kansas City, Esther George, discordou da expansão do apoio do banco central à economia, expressando preocupação diante da possibilidade de que o estímulo possa promover desequilíbrios financeiros e prejudicar sua meta de manter a inflação contida.
Em um desdobramento inesperado, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, também discordou da decisão, porque ele acredita que o Fed deve sinalizar de forma mais forte sua disposição a defender a meta de 2% para inflação.