Uma dúvida pairava nas mentes de Luiz Felipe Scolari e sua comissão técnica antes de a Copa das Confederações começar em 15 de junho. Como seria a reação da torcida ao time que estava sendo montado? A única experiência no país neste ano havia sido traumática, em Belo Horizonte. Em abril, o time formado por atletas que atual no Brasil foi mal no empate por 2 a 2 com o Chile e saiu vaiado. Vaias passaram longe da seleção nos cinco jogos da campanha do título conquistado após vitória por 3 a 0 sobre a Espanha no Maracanã neste domingo (30).
Três fatores foram determinantes para que a desconfiança do início do torneio se transformasse em confiança: a entrega dos jogadores desde o primeiro jogo e a resposta deles à execução do hino nacional; o discurso de que apesar de não terem a melhor seleção, tinham o grupo mais unido; e as atuações de Neymar, decisivo em todos os jogos.
A comunhão entre time e torcida teve como ponto fundamental a estreia contra o Japão e a forma como a vitória foi construída em Brasília. Um gol de Neymar no início do jogo, antes dos 3 minutos, e outro de Paulinho, no início do segundo, cortaram qualquer tipo de manifestação negativa que a equipe pudesse vir a receber. O atacante fechou o torneio nos braços do povo, coma camisa 10 e com a confiança redobrada após o acerto com o Barcelona.
As torcidas de Brasília, Fortaleza e Salvador, desacostumados a ter a seleção por perto, foram receptivas nos jogos da primeira fase e os jogadores retribuíram o que puderam o apoio. Felipão cita nominalmente e elogia cada uma das sedes por onde passou para ganhar a simpatia local. Em Belo Horizonte, onde a seleção havia sido mal recebida, o apoio irrestrito na semifinal contra o Uruguai. O coroamento veio no Rio, no Maracanã, com uma atuação de gala contra os atuais campeões do mundo.
“Aproveito para dizer que o presidente [Marin], eu, os atletas queremos agradecer a população por nos apoiar, por tudo que fez durante esses jogos da Copa das Confederações. Porque nós não somos ainda um time pronto. Temos um bom time, mas temos que provar muita coisa ainda. Hoje começamos a mostrar que em 2014 temos condição de jogar em igualdade com qualquer seleção”, disse Felipão após o título para retribuir o carinho recebido.
O hino nacional antes dos jogos, cantado a plenos pulmões até depois do corte forçado pelo protocolo da Fifa, também aproximou time da torcida. Ali formavam uma só voz. O grito ao final da partida contra a Espanha de “O campeão voltou” foi para Felipão a prova de que a torcida está definitivamente com o time.
“O discurso final foi que ganhamos e estamos bem. Quando as pessoas cantaram que o campeão voltou foi maravilhoso. Sabemos que vai ser um longo caminho, mas agora vamos enfrentar os amistosos de forma diferente, todos estavam achando que podiam ganhar do Brasil e agora vão ter que respeitar mais”, comentou o técnico. “O título abre caminho, dá possibilidade para que a torcida brasileira saiba que estamos montando uma equipe competitiva para disputar a Copa”, concluiu.