A presidente Dilma Rousseff anunciará hoje, a centenas de prefeitos de todo o País, em Brasília, uma série de medidas para aliviar as dificuldades com despesas de custeio das cidades brasileiras. Na abertura oficial, ontem, da 16ª Marcha em Defesa dos Municípios, a plateia recebeu com vaias a informação de que a presidente não havia comparecido à solenidade.
Para compensar sua ausência, o Planalto enviou os ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e da Saúde, Alexandre Padilha. Os dois gastaram boa parte do tempo de suas palestras para falar do Programa Mais Médicos, lançado anteontem, por Dilma. Mas o que os prefeitos reclamam é uma solução concreta contra o risco de ficarem com a 'ficha suja' por não conseguirem arcar com as folhas de pagamento de salários dos servidores.
Padilha e Mercadante garantiram que as prefeituras não arcarão com despesas com os médicos brasileiros e estrangeiros que o governo federal pretende contratar para atuar em áreas do País com déficit desses profissionais.
Mercadante disse que o governo ainda está disposto a discutir no Congresso uma nova forma de reajustar o piso dos professores. Os prefeitos argumentam que não conseguem pagar os novos valores para os profissionais da educação. Cardiologista e clínico-geral do quadro do Sistema Único de Saúde (SUS), o prefeito de Nhandeara (SP), Odilon Silveira (PSB), foi ao microfone fazer críticas o governo. 'Depois de 27 anos de serviço para o Ministério da Saúde, recebo R$ 3.360. O senhor (Alexandre Padilha) diz que vai pagar R$ 10 mil para um médico estrangeiro. E para nós, o senhor tem alguma proposta para melhorar os municípios?'
Em maio passado, a Justiça Federal chegou a bloquear os bens de Odilon Silveira, após aceitar denúncia do Ministério Público de que a prefeitura tinha terceirizado a saúde do município e repassado R$ 1,89 milhão - verba do Ministério da Saúde - entre 2008 e 2012 para uma associação. O contrato foi firmado em 2007, ainda no mandato do antecessor de Silveira.