Caracterizado pela reunião de fatores diversos, o câncer vai muito além dos já conhecidos câncer de mama e de colo do útero, que acumulam uma grande estatística no Estado do Pará.
Menos conhecidos da população, entretanto, tipos como o câncer de endométrio e o colorretal também exigem atenção redobrada para que o diagnóstico precoce termine na cura da doença.
Campeão em incidência no Pará, o câncer de colo do útero acaba, por vezes, mascarando outro tipo de câncer não tão conhecido, mas também muito grave. Tecido que reveste a parede interna do útero, o endométrio, por vezes, é acometido pelo câncer que sofre influência, inclusive, de características que fogem ao controle das mulheres. “As mulheres que têm a primeira menstruação muito cedo ou a última menstruação muito tarde passam mais tempo sobre a influência hormonal, o que acaba propiciando cânceres ginecológicos em geral”, aponta o médico oncologista Luis Eduardo Werneck. “As mulheres que não têm filhos também têm mais chances de desenvolver cânceres ginecológicos”.
ENDOMÉTRIO
Segundo o médico, apesar da baixa incidência no Estado, o câncer de endométrio costuma ser detectado tardiamente, muito em parte pela cultura de não realização dos exames de rotina por muitas mulheres.
De acordo com Luis Eduardo, a maneira mais eficaz de se descobrir a doença ainda em tempo de cura é através da ida anual ao ginecologista. “De 100 pacientes que atendo, por exemplo, dois são para medicina preventiva, apenas.
O problema deste câncer é que ele é muito silencioso, deixa para dar sintomas tardiamente, daí a importância de consultar o ginecologista anualmente mesmo que não esteja sentido nada”, orienta. “Quando se identifica um câncer de endométrio no estágio um, isso custa cerca de R$ 2 mil ao SUS [Sistema Único de Saúde] para curar o paciente. Já quando se descobre no estágio quatro, vai custar ao SUS R$40 mil apenas para amenizar o sofrimento do paciente, não curá-lo. Com R$40 mil eu consigo curar 20 pacientes em estágio um”.
INTESTINO
Também pouco conhecido, mas com a incidência crescente no Brasil, o câncer colorretal ou câncer de intestino alcançou a marca de 13.334 casos no país em 2010, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Pesquisador deste tipo de câncer, o médico Luis Eduardo aponta que uma das variáveis que influenciam neste tipo de câncer, assim como em outros, é o fator genético. “Um fator pequeno, mas que já é comprovado é a hereditariedade. 2% dos casos são influenciados pela genética.
Se considerarmos que isso representa duas pessoas em 100, é uma quantidade razoável”, considera, ao apontar outros fatores que influenciam o aparecimento da doença. “Também é influenciado pela diminuição da ingestão de fibras, pelo aumento da obesidade e pelo consumo de bebida alcoólica. Todo câncer é fruto de uma agressão ao organismo”.
Com a detecção também ainda muito tardia no Estado, o médico chama a atenção para os sinais de alerta. “O câncer colorretal tem um problema na nossa região porque está sendo diagnosticado muito tardiamente. Mesmo na rede privada, ainda recebemos muitos pacientes que identificam o câncer quando já está na fase de metástase”, afirma. “Quem tiver emagrecimento sem causa aparente, sangramento nas fezes e, principalmente, cólicas frequentes tem que procurar um médico com certa urgência”.