Durante a gravidez, você provavelmente tomou todos os cuidados para não prejudicar seu bebê e consultou o obstetra sobre qual remédio tomar cada vez que se sentiu mal. Após o nascimento, a recomendação é a mesma. O cordão umbilical já foi cortado, mas você continua passando para a criança, por meio da amamentação, algumas substâncias que ingere.
Enquanto a placenta é muito mais permeável e permite a passagem de diversos tipos de moléculas para o bebê, o tecido das mamas funciona como uma barreira mais eficiente. Uma pequena parte das substâncias passa para o leite materno e algumas delas não são absorvidas pelo sistema digestivo do bebê. Ainda assim, há medicamentos cuja absorção e efeitos não foram estudados e outros que são comprovadamente prejudiciais.
Como o universo das pesquisas sobre fármacos tem sempre novidades, a Associação Americana de Pediatria publicou recentemente uma atualização de seu manual sobre medicamentos e leite materno. O objetivo é atualizar os médicos e sugerir as melhores alternativas de acordo com a queixa das pacientes.
O mais importante para tomar a decisão de tomar um medicamento enquanto você estiver amamentando, segundo a AAP, é ter bom senso e o aval do médico. O obstetra deve colocar na balança o benefício do remédio para o bem-estar da mãe e os efeitos na produção do leite e na saúde do bebê. Fatores como a duração do tratamento, a dose e a idade da criança também precisam ser considerados. Ou seja, cada caso é um caso.
Segundo a obstetra Rita Sanchez, coordenadora da maternidade do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), os medicamentos tarja preta, antidepressivos ou ansiolíticos, que agem no sistema nervoso, são os mais conhecidos quando se fala em prejuízos ao desenvolvimento do bebê. As mulheres que precisam utilizá-los no período de amamentação geralmente são orientadas a desprezar o leite que foi produzido após a ingestão do medicamento e alternar a amamentação com a fórmula. “Se você toma o remédio de manhã, despreza o leite produzido nas horas seguintes e volta a amamentar à tarde”, explica. Rita, porém, afirma que são poucas as mães que realmente precisam fazer uso regular desse tipo de droga e isso sempre deve ser uma decisão do obstetra da mulher.
No caso de antibióticos e antiinflamatórios, o ideal é que o médico – e apenas ele - receite a dose mínima para reduzir a presença dos remédios no leite materno. Outra orientação comum, para questões menos sérias, como dor de cabeça, é tomar o comprimido recomendado e esperar passar, evitando ingerir outro dali a 6 ou 8 horas.
Além de informações sobre medicamentos, o relatório da AAP traz dois alertas importantes. O primeiro é em relação aos medicamentos naturais e fitoterápicos. Segundo a AAP, nem todos os compostos ditos naturais são seguros para os bebês, por isso, antes de aceitar a dica daquela vizinha ou o conselho de uma tia que tomou um remédio à base de ervas incrível, converse com o seu obstetra e com o pediatra da criança. O segundo alerta ressalta que a maioria das vacinas, como a da gripe, rubéola, coqueluche, é segura para quem está amamentando. Um relatório divulgado pelo Ministério da Saúde divulgado em 2010 reforça que alguns imunizantes, como contra antrax, cólera, febre amarela, varíola e raiva, devem ter o uso restrito nesse período.
Se você está na dúvida sobre um medicamento, vale consultar esse relatório do Ministério da Saúde. Ele traz várias substâncias classificadas de acordo com o risco para o bebê (uso compatível com amamentação, uso criterioso ou uso contraindicado).