Um grande problema sócio-ambiental está tirando o sono de muita gente na cidade de Jacundá, sudeste do Pará. Há um ano, entrou em operação o então Frigorífico Boi Verde (hoje administrado pelo grupo de alimentos Uniboi), um empreendimento aguardado pela população com ansiedade, pois contribui com a geração de emprego e renda e leva à mesa do consumidor uma carne bovina de qualidade.
O empreendimento foi erguido sem atender algumas das exigências impostas pela Lei Ambiental. E o resultado tem sido nefasto para o meio-ambiente, pôs nas mãos da Secretaria de Meio Ambiente e Turismo (Sematur) um problema de proporção gigantesca e tem revoltado boa parte da sociedade local.
A secretaria municipal responsável pelo meio ambiente aplicou uma multa no valor de R$ 30 mil, à empresa Uniboi por cometer crime ambiental. Na situação, ela causou poluição ambiental. O valor da multa poderia ter chegado a R$ 50 milhões e os donos poderiam ser presos e o estabelecimento, numa punição mais severa, a ponto de ser interditado. “Mas optamos pelo bom senso, pois sabemos da importância desse projeto para o município de Jacundá”, classificou o secretário Gilberto Machado, que tem procurado no diálogo com os administradores encontrar uma solução para a lista de problemas causados pelo frigorífico.
A multa em questão foi determinada quando uma das piscinas de decantação transbordou e o chorume seguiu direto para o leito do rio Jabutizinho, que passa ao lado das 6 piscinas. O liquido atingiu também o rio Arraia. E o resultado foi a mortandade de centenas de peixes ao longo de quilômetros.
Populares frenquentadores do rio registraram farto material fotográfico e vídeos, e as denúncias pipocaram no telefone da secretária de meio ambiente. O secretário pediu uma análise da água do rio à secretaria de Saúde do município, mas até o fechamento desta matéria não foi providenciado.
Em relação ao problema, o atual administrador José Edilson informou que ao assumir o frigorífico constatou a necessidade de investimentos a curto, médio e longo prazo. “Uma das prioridades urgentes de nosso compromisso é a construção da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). Com ela, toda a água utilizada na unidade industrial será tratada e devolvida ao rio”. Sobre a multa, ele disse que a empresa estuda a possibilidade de recorrer.