A cena familiar da foto que ilustra essa reportagem nunca mais será reproduzida. Dela, morreu de maneira trágica a professora e diretora escolar Elizete Vidal, 47 anos de idade, dos quais 28 servidos à formação de centenas de cidadãos que passaram pelas salas de aulas por onde ela ensinou a disciplina de Geografia. No acidente morreu também o sobrinho Felipe Vidal Costa, 23 anos, recém-formado na carreira militar. E saíram feridos o marido de Elizete, Paulo Costa, a filha do casal Diely, e a filha desta, Analize, de 5 anos.
A reportagem conversou com a irmã de Elizete, Cleudianice Bastos Vida, a Dilzinha. Segundo ela, a família viajou para a cidade de Palmas, no Tocantins, para participar da cerimônia de batizado de uma sobrinha. No retorno pra Jacundá, na quinta-feira, 3, por volta de 18 horas, aconteceu o acidente que vitimou os dois membros da família e deixou outros três feridos. Até fechamento desta matéria encontram-se internados no Hospital Regional de Marabá, Diely e sua filha Analize.
Elizete era considerada uma profissional comprometida com a educação, responsável e dedicada. Com 28 anos de carreira como educadora, ela passou pela sala de aula, ocupou o cargo de primeira diretora da escola estadual de ensino médio Dorothy Stang e, atualmente, dirigia a escola municipal Paulo Germano. E os sonhos dela eram concluir o mestrado em Geografia, na Argentina, para onde viajaria na próxima semana, e se preparava para fazer Doutorado, nos Estados Unidos. “Foram apenas sonhos. Elizete era uma mulher batalhadora, otimista e companheira”, lembra amiga Zelda Lopes, que trabalhou por 14 anos ao seu lado.
Na humilde residência da professora Elizete a comoção era geral na manhã de sexta-feira, 4. A notícia pegou de surpresa quem navegava pela internet no início da noite de quinta-feira, 3, minutos depois da fatalidade. “Não cai porque estava sentada, mas fiquei muito comovida e sem qualquer reação”, diz a colega de profissão Helena Freitas, que emocionada chorou ao lembrar-se da amiga. “Uma das virtudes dela era não permitir que o estresse influenciasse no seu emocional”. Outra benevolência de Elizete, segundo a professora Helena, era conduzir a educação das crianças com respeito e dedicação. “Ela tinha o maior carinho com seus alunos, inclusive, com aqueles considerados peraltas, e a decisão de qualquer expulsão era a última atitude, além de tudo isso o companheirismo e fazer o bem as pessoas eram marcas pessoais dela”, cita a professora e amiga de Elizete, Ana Cristina.
A secretária de Educação, Cristina Araújo, ficou consternada com a notícia. Mas, emitiu uma nota sobre a professora. “Uma grande educadora que sempre se dedicou à formação integral e social de seus alunos, visando formar cidadãos e cidadãs críticos e participativos no meio em que estão inseridos. E sempre foi uma profissional competente e companheira. E vai deixar um grande legado de sabedoria e conhecimento”, fecha a nota.
Militante de carteirinha do Partido dos Trabalhadores, Elizete foi uma das fundadoras da agremiação em Jacundá. Em nota, o presidente em exercício Raul Lima, disse que “o município de Jacundá perdeu uma competente profissional, comprometida com a educação de nossos filhos, e acima de tudo, uma militante exemplar”.
Carreira interrompida precocemente
O sobrinho de Elizete, Felipe Vidal Costa, tinha 22 anos, e era filho de Eliene Vidal e Ezequias Costa. Havia pouco mais de dois meses que o rapaz ingressou definitivamente na carreira militar. Sua formação aconteceu na cidade de Tailândia, e escolheu a cidade de Jacundá para exercer a função de soldado da Polícia Militar.