O projeto de reinserção social “Conquistando a Liberdade” que vem sendo realizado em Jacundá, faz parte de uma parceria entre a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (SUSIPE), Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJEP), Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), Secretarias Estadual e Municipais de Educação, Prefeituras Municipais, Ministério Público do Trabalho, Defensoria Pública, PROPAZ entre outros.
Este projeto iniciou no ano de 2003 pelo juiz da comarca de Belém, Dr. Belmar Barroso, desde então vem acontecendo diversas ações de benfeitorias nas praças públicas e ruas da capital do estado.
De acordo com o Coordenador Estadual do Projeto Conquistando a Liberdade, Ércio Teixeira, o contexto inicial era focado na revitalização das praças públicas. E no ano de 2012, o projeto começou a ser realizado também nas escolas, “com ações voltadas para limpeza, capina, pintura, roçagem e o Papo D´rocha, que é onde os presos realizam uma conversa franca com alunos [testemunho]”, explicou.
Papo D´rocha
O objetivo do Papo de Roda (Papo D´rocha) é mostrar para os alunos o quanto é perigoso as coisas erradas, o quanto é perigoso o mundo do crime.
Nessa conversa franca entre presos pré-selecionados e jovens sobre o perigo das drogas e as armadilhas do crime. Tudo é exposto numa perspectiva de traduzir em exemplos o quanto é prejudicial e destrutivo o caminho do crime. A dinâmica tem como mediador um técnico (Pedagogo ou Psicólogo) da unidade prisional onde o interno está sob tutela.
Jacundá
O projeto já aconteceu em vinte municípios paraenses, além de mais três distritos: Outeiro, Mosqueiros e Icoaraci. Jacundá está sendo o vigésimo município e, esta é a primeira vez. E foi realizado uma palestra dia 5 o Papo D´rocha, na EMEF Rosália Correia e dias 5, 6 as ações de limpeza, capina, roçagem, jardinagem e pintura de 70% do prédio do Projeto de Desenvolvimento e Assistência Social Dona Flor (Prodasf) realizado por vinte interno do regime semiaberto .
“Estamos fazendo uma ação em parceria com Ministério Público do Trabalho (MPT) foi quem nos motivou a estarmos aqui, através do ‘Projeto Escrevendo Nossa História’. A ADRA abraçou essa ideia, através do procurador do MPT, Sandoval que criou esse Projeto Escrevendo e Reescrevendo a Nossa História, onde o Escrevendo é para quem ainda não entrou no mundo do crime, sendo um sistema sócio educativo”, enfatizou Teixeira.
Ele falou ainda que o reescrevendo é para quem já passou pelo sistema sócio educativo ou sistema penitenciário, proporcionando uma reflexão e uma possibilidade de qualificação, através de cursos de corte e costura, elétrica e hidráulica, com intuito de ressocializar o indivíduo na sociedade para sobreviver com alguma profissão.
“Meu nome é Manoel Sacramento de Jesus: cumpro pena de 29 anos preso por tráfico de drogas e compra ilegal de armas, faz seis anos que estou preso e quando eu sair, quero tudo novo pra minha vida, porque nada vale a pena ficar em num lugar daquele. Quero dizer para esses jovens que escolha melhor suas amizades, foi os amigos que me levou para o mundo do crime e o dinheiro não compra a liberdade”, declarou um dos presos que fazem parte do projeto.
A estudante do 9º ano da escola Rosália Correia, Melissa Pereira de 14 anos, declarou que gostou do projeto. “Hoje testemunhamos um grande índice de adolescentes se envolvendo no crime, exemplos que eles deram, lá não é bom! Eles irão abrir mais a mente de outros jovens, ajudando a escolher se o melhor está aqui ou lá [preso] sem liberdade. Muitas pessoas gostam muito do lado de lá [mundo do crime] por poder ter dinheiro fácil, pode até ganhar!”, enfatizou.