Em Brasília (DF), o prefeito de Marabá João Salame obteve, da diretoria da Eletronorte, a informação de que as obras do projeto de aproveitamento hidrelétrico de Marabá começam realmente em 2015.
Ademar Palocci, diretor de Planejamento e Engenharia da estatal, garantiu o início da construção em 2015, seguindo organograma que prevê, inclusive, aporte de recursos para um projeto de desenvolvimento para o município, conforme reivindicação levada pelo próprio João Salame.
A Eletronorte também aprovou a formação de comissão especial, representando Marabá, destinada a acompanhar todos os movimentos do projeto de construção da barragem.
Palocci confirmou que o projeto terá duas eclusas, que deverão ser construídas desde que haja recursos aprovados para isso, segundo informação do Conselho de Jovens Empresários de Marabá (Conjove). “A partir da formação da comissão, passaremos a lutar, politicamente, para que sejam incluídos nos orçamentos anuais, dinheiro para a construção das eclusas, paralela à edificação da barragem”, afirma João Salame.
Planejada para ser construída a 4 km da ponte Rodoferroviária do Tocantins, a hidrelétrica de Marabá terá custo de sua construção estimado em R$ 12 bilhões, com um prazo de construção médio de oito anos.
A capacidade de produção do empreendimento será de 2.160 MW, tornando-se um aporte considerável para o Sistema Interligado Nacional. Localmente fornecerá energia para empreendimentos siderúrgicos ampliação das minas de ferro e cobre e projetos do parque de Ciência e Tecnologia de Marabá.
LAGO
A hidrelétrica formará um lago de 3.055 km – bem maior do que o lago formado pela hidrelétrica de Tucuruí. Serão inundados 1.115km² de terras (mais de 110 mil hectares de terras férteis). A nova barragem atingirá municípios em três estados: Pará (Marabá, São João do Araguaia, Bom Jesus do Tocantins, Brejo Grande do Araguaia, Nova Ipixuna, Palestina do Pará); Tocantins (Ananás, Esperantina e Araguatins) e Maranhão (São Pedro da Água Branca e Santa Helena).
O impasse neste momento para início das obras da hidrelétrica está no fato de que os índios da Reserva Indígena Mãe Maria, em Bom Jesus do Tocantins, exigem que o pré-estudo de impactos seja coordenado pelas suas lideranças. A informação foi repassada pelo vereador indígena Ubirajara Sompré, no final de 2014.
A intenção, segundo ele, é garantir mais isenção nas medidas compensatórias que serão repassadas às comunidades atingidas pelo projeto. “Esse pré-estudo é um estudo nosso, não tem nada a ver com os estudos oficiais. Nós é que vamos selecionar os profissionais que vão fazê-lo, para que se possa mesmo ter de fato um estudo eficiente”.
Segundo Sompré, na carta de reivindicações enviada ao governo federal os indígenas cobram a construção da hidrelétrica com eclusas. “Não tem como fazer uma barragem sem eclusa porque o rio não vai ficar navegável, por isso estamos lutando também para que tenha eclusa na hidrelétrica de Marabá”