Acusado de uso indevido das próprias razões, por ter integrado protesto nos trilhos da Ferrovia Carajás, em 20 de novembro do ano passado, em Marabá, o professor Evandro Medeiros participou de audiência nesta quinta-feira (5), no Fórum de Justiça, com advogados da mineradora Vale, e não houve conciliação. A próxima audiência será em novembro.
Durante a audiência, o Ministério Público propôs que o professor pagasse uma multa de um salário mínimo, enquanto os representantes da Vale propuseram que Evandro fosse condenado a prestar serviços comunitários durante 15 dias em instituição de caridade. Mas o professor, que é mestre em Educação, não aceitou nenhuma das propostas.
Enquanto Evandro e seus advogados (todos da CPT) participavam da audiência dentro do Fórum, do lado de fora dezenas de manifestantes faziam protesto interditando a rodovia Transamazônica, na cabeceira do Rio Itacaiúnas, em intervalos de cinco minutos.
Ao deixar a sala de audiências, o professor também fez uso do microfone e reafirmou sua posição. “Ao ser perguntado, eu disse que tenho uma vida de luta e dedicação às comunidades e que faria qualquer serviço comunitário em qualquer lugar, de graça ou pagando por isso, mas nesse caso minha resposta é não. Não é por mim, não é por Mariana, é por todos nós. Não vai ter arrego!”, declarou.
O protesto do qual Evandro participou foi exatamente em solidariedade às vítimas do desastre de Mariana (MG), onde a barragem de rejeitos da Samarco (que pertence à Vale) rompeu, causando pelo menos 14 mortes e um desastre social e principalmente ambiental, comprometendo o Rio Doce.