Na manhã desta quarta-feira (20), Marcus Vinícius Medeiros Monteiro foi preso pela Polícia Civil, que já vinha monitorando Marcus, há cerca de seis meses. Ele é acusado dos crimes de estelionato e tráfico de influência para conseguir vaga na concorrida UTI do Hospital Regional Público de Marabá, Dr. Geraldo Veloso.
A Polícia Civil recebeu a primeira denúncia há seis meses, e outras duas chegaram à aos conhecimentos da delegada Simone Freitas Felinto, diretora da 21ª Seccional Urbana de Marabá, que a partir daí, juntou elementos necessários para pedir um mandado de prisão contra o acusado.
O mandado judicial de prisão preventiva foi expedido pela juíza Renata Guerreiro Milhomem de Souza, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Marabá, que determinou também o pedido de busca e apreensão de documentos na residência de Marcus Vinícius, no Bairro São Félix.
Segundo a decisão da magistrada, o acusado se passava por agente administrativo da Casa Civil do governador Simão Jatene, para obter informações constantes do sistema de dados dos pacientes do Regional, a fim de ganhar credibilidade na transação junto aos familiares dos doentes.
A delegada Simone Felinto destacou que três famílias foram vítimas de Marcus. Sendo uma no ano de 2015 e outra no primeiro semestre deste ano. Elas teriam pago R$ 1.200,00 cada uma, recentemente já no fim de novembro, Marcus teria cobrado e recebido R$ 2.500,00 para furar a fila da UTI do Hospital Regional e encaixar um paciente.
Para se conseguir uma vaga em leito no Regional, é preciso passar pela Central de Regulação, que analisa várias situações para organização da fila de entrada de pacientes. “Precisamos descobrir como Marcus tinha acesso à regulação”, ressaltou a delegada.
A neta de uma das vítimas que reside em Itupiranga gravou alguns áudios telefônicos com Marcus. Neste áudio segunda a reportagem do CORREIO apurou, o acusado afirma categoricamente trabalhar na Casa Civil do Governo do Estado e negocia a vaga para o avô da moça, que estava internado no Hospital de Itupiranga após ter sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Marcus garantia, na conversa, que o avô da jovem era o próximo na fila do leito na UTI do HR, mas os dias se passaram, ele não conseguiu a vaga e o idoso acabou falecendo lá mesmo em Itupiranga. Revoltada, ela procurou Marcus insistentemente, para que ele devolvesse o dinheiro, o que não aconteceu.
A partir de então, a moça passou a ligar para o Hospital Regional e conseguiu o número do telefone do médico de prenome Marcelo, da regulação, e de quem tanto Marcus falava, o qual seria seu parceiro.
O profissional de saúde negou veementemente que soubesse da intermediação do agenciador e posteriormente procurou a Polícia Civil para denunciar o caso.
“Em depoimento, ele chegou a afirmar que foi a vítima de Itupiranga quem ofereceu o dinheiro e ele teria recusado. Disse que tem apenas o bom senso de ajudar as pessoas, já que conhece muita gente na cidade e por isso sai pedindo favores para agilizar as transferências para o Hospital Regional”, relata.
Por outro lado, a delegada faz questão de deixar claro que, apesar de uma das denunciantes citar o nome de um médico da regulação do Hospital Regional, ao longo da investigação não ficou comprovado que houvesse participação dele ou de qualquer funcionário do HR no esquema.
“Não encontramos vínculo com pessoas que trabalham no Hospital Regional. Se ele tinha acesso às informações da regulação, que é de responsabilidade da Sespa, ainda não descobrimos de que maneira isso ocorria”, pondera a delegada Simone.
Em várias ocasiões, nos últimos meses, segundo a delegada, Marcus Vinícius foi abordado no interior do Hospital Regional e sempre que era questionado sobre a razão de sua presença no local, ele dava uma desculpa de que estava visitando ou acompanhando algum parente.
Procurado pela reportagem, a assessoria do Hospital Regional informou que “não se posicionaria sobre o assunto, alegando que a responsabilidade sobre a regulação do Hospital é da Sespa (Secretaria de Estado de Saúde Pública), que apenas ocupa uma sala nas dependências do HR”.
A assessoria repassou o número de telefone e e-mail de uma assessora de Imprensa da Sespa, em Belém.
A reportagem tentou várias vezes contato com Edna Lima, a referida assessora da Sespa, mas não obteve sucesso.
A defesa de Marcus Vinícius não foi encontrada para dar a versão do cliente sobre as acusações impostas pela Polícia Civil.