Há tempos que a internet não é espaço frequentado apenas por adultos, mas, sendo a rede livre, os conteúdos estão abertos para todos, independente da idade, à distância de um clique. Relatório elaborado pela Kaspersky, especializada em segurança digital, aponta que mais de 1,5 milhões de usuários do software de controle parental da empresa se depararam com conteúdo inadequado para crianças ao menos uma vez no ano passado. E o Brasil está em 8º na lista de países mais afetados.
Desse universo de 1,5 milhões de internautas, 68,5% se depararam com conteúdos considerados “perigosos”, incluídos nas categorias “conteúdo adulto (pornografia)”, “violência”, “armas”, “álcool e narcóticos”, “jogos de azar”, “linguagem obscena”, “acesso anônimo” e “chats”.
A lista de países com maior números de casos é liderada pela Rússia, que é seguida por Índia, China, Estados Unidos, Vietnã, Alemanha, Argélia, Brasil, Reino Unido e França. No Brasil, as categorias “chats” e “conteúdo adulto” são as maiores ameaças, atingindo 75,93% e 59,04% dos usuários incluídos no levantamento, respectivamente, percentuais superiores à média mundial.
A indicação de que os “chats” são o principal problema no país acende uma luz amarela. Pesquisa recente realizada pela Unicef com adolescentes entre 12 e 17 anos revelou que 39% dos entrevistados disseram já ter encontrado com alguém que conheceram pela internet, seja em salas de bate papo ou redes sociais. Além disso, os canais de conversa são apontados como ferramentas de assédio e ciberbullying.
— A internet é um direito dos adolescentes, um espaço que, de fato, ajuda no desenvolvimento. Mas os adultos precisam ajudar a proteger esses jovens, com cuidados e informação, para que eles não sejam vítimas, nem atores, de bullying e outras violências — diz Mário Volpi, coordenador do programa Cidadania dos Adolescentes do Unicef no Brasil.
Na média mundial, a categoria “chats” é o maior problema, afetando 67,29% dos internautas pesquisados, seguida por “conteúdo adulto” (59,56%), “jogos de azar” (26,66%), “armas” (20,29%), “linguagem obscena” (19,93%), “violência” (19,52%), “álcool e narcóticos” (10,63%) e “acesso anônimo” (8,16%).
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De acordo com o estudo, as ameaças variam de acordo com o país. Na China, por exemplo, o pior problema é a pornografia, que atingiu 80,2% dos internautas. Já os “jogos de azar” são problema preocupante no Reino Unido, afetando 39,24% dos pesquisados.
— Hoje, a computação é móvel e pessoal. As crianças acessam a internet muito cedo, por tablets e smartphones, e muitas vezes sem a supervisão de adultos — diz Fabio Assolini, analista de segurança da Kaspersky. — A mobilidade tem benefícios, como a facilidade de comunicação barata, mas há riscos e os pais precisam estar preparados para lidar com eles.
Especialistas recomendam que pais instalem softwares de controle parental em dispositivos usados por crianças muito novas, e existem diversas soluções pagas e gratuitas no mercado, de diversos fabricantes como a própria Kaspersky, K9 Web Protection, Avira, Norton, entre outras.