Você já deve ter visto pelas suas redes sociais muita gente comentando sobre “13 Reasons Why”. Ou quem sabe você até mesmo “maratonou” a série o mais rápido possível e agora está se sentindo um pouco órfão. Lançada no último dia 31, o seriado é a nova sensação da Netflix.
A trama aborda a história de Hannah Baker (Katherine Langford), uma adolescente que tira a própria vida e deixa para trás fitas explicando os motivos de sua decisão – cada cassete é dedicado a uma pessoa. O seriado é baseado em um livro homônimo, de 2007, de Jay Asher - no Brasil, foi publicado em 2009 com o nome "Os 13 Porquês" - e tem produção, entre outros, da cantora Selena Gomez.
A narrativa começa quando Clay (Dylan Minnnette) recebe um pacote com as fitas gravadas por Hannah, por quem ele era apaixonado. A jovem narra sua história, elencando os 13 motivos que a levaram a tirar a própria vida. Clay descobre que está recebendo as fitas porque está na lista e deve passar para a próxima pessoa citada assim que ouvir tudo.
Cada episódio é centrado em uma das fitas, tratando de uma pessoa. Aluna nova, vemos através de flashbacks Hannah sofrendo com bullyings de tipos variados. São discutidas questões como sexismo, abuso sexual, voyeurismo, homossexualidade, entre outros.
Enquanto isso, no presente, acompanhamos o sofrimento de Clay com tudo que vai descobrindo e a pressão que sofre de outros colegas para que não leve as histórias ao conhecimento de nenhum adulto responsável.
E a série é boa?
Essa talvez seja a série mais "Netflix" já feita na história – a vontade de emendar um episódio após o outro é imensa, no desejo de saber o que acontece. O seriado tem vários pontos fortes: aborda questões importantes, é envolvente, está ancorado por um elenco muito bom – Katherine Langford, a praticamente iniciante que protagoniza “13 Reasons Why”, se destaca, criando uma empatia imediata com Hannah.
Por outro lado, a série também tem um defeito bastante comum a outras produções da Netflix: parece se estender além da conta. Os episódios são longos e embora a ideia de um episódio por fita parecer boa, não havia necessidade real de 13. Algumas histórias poderiam ter sido condensadas.
A implausibilidade de um adolescente conseguir se conter e não ouvir todas as fitas em uma mesma noite – no livro, Clay dá plantão para ouvir logo tudo – até se consegue superar, com ajuda da boa atuação de Minette, mas ao chegar do meio para o final da trama você se pergunta por que alguns dos envolvidos estariam tão dispostos a lutar por um “calaboca” no rapaz, já que os níveis de gravidade dos motivos são bastante diferentes entre si. Outros detalhezinhos do roteiro são irritantes, mas o balanço final é narrativamente positivo.
Suicídio e campanha de prevenção
É importante ressaltar que a série tem algumas cenas fortes e trata de assuntos delicados que podem abalar algumas pessoas, especialmente as que têm ligação com os temas.
A série chegou a receber algumas críticas de que poderia servir de "gatilho" para pessoas com depressão justamente por isso. Nos episódios mais pesados, uma mensagem de advertência aparece na tela antes do começo.
Logo após o fim de todos os episódios, a Netflix emenda um pequeno documentário sobre a produção da série e divulgando ações pró-vida. Desde o lançamento, a empresa tem se empenhado nas redes sociais em fazer campanhas de combate ao suicídio e ao bullying, divulgando sites de ajuda e vídeos de pessoas que sofreram na adolescência, com a hashtag #NãoSejaUmPorque.
No Brasil, a campanha contou com nomes populares na web, como Hugo Gloss e Thaynara OG. Um site foi lançado com informações sobre centros de ajuda em vários países (acesse aqui).
De acordo com o Centro de Valorização da Vida (CVV), em dados divulgados pelo Huffington Post Brasil, desde a estreia da série os pedidos de ajuda por e-mail aumentaram em mais de 100%, com vários citando "13 Reasons Why". A CVV inclusive resolveu incentivar seus voluntários a assistirem a série, de maneira a entender melhor a atração ao público jovem.
Veja o vídeo da campanha "Não Seja um Porquê":
