Em 24 minutos de um discurso pragmático, mais próximo de uma aula de filosofia política do que Medicina, o governador do Pará, Simão Jatene, esteve nesta segunda-feira, 12, em Marabá para ministrar o que a direção da Uepa (Universidade do Estado do Pará) denominou de “Aula Magna” do curso de Medicina, o primeiro implantado na região sudeste do Pará.
O curso é uma antiga reivindicação da população de Marabá e região, que tem um déficit muito grande por médicos e outros profissionais de saúde e sonhava em formar a própria mão de obra. O Jornal refresca a mente do leitor.
Em setembro de 2011, o governo do Estado anunciou que implantaria o curso de Medicina em Marabá e em fevereiro de 2012 a Uepa e o governo do Pará realizaram uma cerimônia para receber a doação, por parte do município, de uma área para construção de um bloco para abrigar os cursos de Biomedicina e Medicina, que deveria contar com salas de aula, laboratórios, um auditório, uma biblioteca e uma área administrativa. Naquela ocasião, o cronograma de obras apresentado pela universidade previa o processo licitatório entre os meses de fevereiro e março do ano passado.
Agora, ao retornar a Marabá, depois de vários meses, Jatene não trouxe nenhuma novidade, a não ser um discurso redundante com uma pitada de censura ao prefeito de Marabá, João Salame, que não compareceu à cerimônia da aula magna do curso de Medicina.
Saindo faísca Por falar em Salame, ele, juntamente com vários prefeitos da região, participou da reunião com o governador durante a tarde de ontem, na Igreja Assembleia de Deus Madureira, no bairro Liberdade. Lá, o gestor marabaense apresentou as reivindicações de Marabá ao Estado e disse esperar que o governo seja parceiro das necessidades deste município.
O governador veio a Marabá com boa parte de seus aliados políticos, que aterrissaram aqui de olho em espaço e visibilidade já pensando nas eleições de 2014. Entre eles, estavam o senador tucano Mário Couto, que pouco anda por essa região.
Com um auditório parcialmente lotado de estudantes, professores e seus correligionários, o governador fez um discurso tentando engrandecer o esforço de seu governo em instalar o curso de medicina aqui.
“Sei que há algumas dificuldades iniciais, mas ninguém tinha feito isso, nenhum outro governador do Pará tentou trazer medicina para Marabá”, alardeou. Rodeado de políticos de partidos que o apoiam, Jatene aproveitou para dar uma cutucada indireta no prefeito de Marabá, João Salame, seu desafeto político e que não foi à cerimônia, mesmo estando na cidade. “As diferenças políticas tem de ficar de lado.
Estamos instalando aqui um curso de medicina e sou governador dos que votaram em mim e dos que não votaram. Quem é prefeito, deve ser dos seus aliados e daqueles que não considera. Ele não pode se negar a isso. Não posso deixar que minhas simpatias ou antipatias pessoais interfiram naquilo que me impõe a condição pública”, alfinetou.