Vinte e quatro horas depois de o advogado Inocêncio Mártires Coelho Júnior enviar aos principais veículos de comunicação do Estado cópias da gravação de uma conversa nebulosa entre o prefeito de Marabá, João Salame, e o ex-deputado e ex-prefeito de Marituba, Armando Amaral de Castro, o gestor de Marabá e alguns familiares seus, conforme apurou o blog, começaram a receber ameaças.
Uma fonte ligada ao secretário de Segurança Institucional de Marabá, delegado Alberto Teixeira, informou que João Salame e outros membros de sua família (não se sabe quem exatamente) passaram a receber ligações e mensagens anônimas e ameaçadoras pelo celular.
A divulgação da gravação, contendo dez minutos e 49 segundos de conversa com Armando Castro, causou uma grande polêmica no Estado sobre a coragem e o risco de Salame em revelar o teor da conversa, que parece ter sido gravada dentro de um veículo, com utilização de aparelho de grande capacidade de impedância (captação de áudio).
À vontade no bate-papo com Salame, que é jornalista, Armando Castro não percebeu que o prefeito marabaense agora afastado lhe armava uma armadilha para comprometer, também, peixe graúdo no TRE. O negociador de propinas esbanjou capacidade de articulação no tribunal e quis transparecer a Salame segurança da compra de sentença, tanto que alegou ter intermediado a absolvição do prefeito de Belém, Duciomar Costa, que sofreu uma longa batalha no TRE e acabou sendo inocentado de crime eleitoral.
No meio do diálogo entre Salame e o linguarudo Armando Castro houve respingo no vereador Guido Mutran, de Marabá, que teria sido interlocutor de um diálogo prévio entre o prefeito marabaense e a juíza Ezilda Pastana Mutran (que foi casada com um primo de Guido quando a magistrada atuou na comarca de Marabá), e agora foi designada como relatora do processo em que Salame foi cassado na última terça-feira, 5.
Lisonjeado com sua capacidade de articulação no Estado, já que é do grupo do governador Simão Jatene, Armando Castro revelou na conversa gravada que conseguiu um cargo par ao marido da juíza Ezilda um cargo de assessor do governador Simão Jatene; que presenteou a magistrada com um carro; e que acertou com ela R$ 300 mil no caso Duciomar Costa.
Acompanhe o áudio da mencionada conversa entre João Salame e e Armando Castro neste link:
http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/11/ouca-o-audio-que-revelaria-pagamento-de.html
Nota de Esclarecimento
Acerca de nota veiculada na página da Internet do Ministério Público Federal no Pará relativamente à existência de gravação envolvendo denúncia de venda de sentença no âmbito do Tribunal Regional Eleitoral do Pará quero esclarecer o seguinte:
01 - Fiz a gravação para me proteger num processo que avaliei como nebuloso e cheio de interferências políticas e pessoais que fogem da esfera jurídica;
02 - Cumpri com meu papel de cidadão e entreguei o áudio ao meu advogado, Dr. Inocêncio Mártires, para que o mesmo encaminhasse ao presidente do TRE, desembargador Leonardo Tavares;
03 - Fui vítima de julgamento contaminado por questões de natureza pessoal, tendo em vista que a juíza Ezilda Pastana Mutran, relatora do processo, foi denunciada na Polícia por mim 20 anos atrás por ter agredido fisicamente minha atual esposa, à época grávida de 8 meses. Lamentavelmente o registro dessa denúncia desapareceu misteriosamente dos registros da delegacia, o que nos impediu de solicitar sua suspeição;
04 - O áudio foi entregue ao Desembargador Leonardo logo no início da apreciação do processo e lamento que o presidente do TRE não tenha optado por suspender o julgamento para apurar, no âmbito da sua competência, a falta de isenção manifesta da relatora do caso.
05 - Não aceitei pagar propina que me foi exigida para ser inocentado de algo que não fiz. Minha biografia não admite o emprego deste tipo de artifício.
06 - Fui condenado injustamente por uma julgadora que demonstrou possuir ódio e rancor por fato do passado.
07 - Para me condenar a verdade foi varrida. Toda sociedade de Marabá é testemunha que na véspera do pleito de 2010 fiz carreata. Até meus adversários confirmam isso. Só a minha julgadora não aceitou se curvar às evidências. Isso é trapaça ética!
08 - A ruidosa operação da Polícia Federal no posto de gasolina em Marabá ocorrida em 2010 apreendeu 18 notas de abastecimento, totalizando 200 litros de combustível, volume compatível com a realização do evento eleitoral, gastos incluídos na minha prestação de contas que foi aprovada pela Justiça Eleitoral.
09 - Já me coloquei à disposição do Ministério Público Federal para esclarecer os fatos narrados na referida gravação e acrescentar outros elementos que vão robustecer as provas de que há algo mais entre o céu e a terra no TRE do Pará do que nossa vã filosofia possa imaginar.
10 - Serei incansável na busca da Justiça. O mandato de prefeito de Marabá me foi confiado por 57% dos votos dos eleitores de Marabá e o Tribunal Superior Eleitoral já decidiu que não é juridicamente possível cassar mandato conquistado na eleição de 2012 por alegada infração supostamente cometida no pleito de 2010. Mesmo diante dessa posição da instância superior, fui deposto do mandato. Tirem as conclusões.