Representantes do setor produtivo local estão animados com as três reuniões realizadas com executivos da Vale sobre a retomada do Distrito Industrial de Marabá (DIM). Pelo que se vê, a grande luta é conseguir formas de comercializar o gusa a U$ 400 a tonelada, para competir com o preço que vem sendo praticado no mercado internacional, principalmente na Ucrânia.
Para que isso ocorra, a Vale precisa baixar o valor do minério de ferro a ser repassado para as guseiras. A proposta apresentada na última reunião, ocorrida em Belém, na semana passada, foi de um desconto em percentuais consideráveis durante um período de cinco anos.
A Vale ainda não deu resposta, mas vem se mostrando favorável à ideia. “Eu acho que a conversa está fluindo, está andando e ninguém disse não até agora pra nada; então eu vejo bastante possibilidade de a gente retomar algumas empresas em 2014”, afirma Gilberto Leite, presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá (ACIM), que encabeça o movimento.
Ainda de acordo com Leite, esta semana devem ocorrer reuniões técnicas para definir duas questões interessantes: a possível participação nos lucros por parte dos funcionários das guseiras que poderão reabrir e, principalmente, a questão da sustentabilidade da produção, que, aliado à crise do mercado mundial, foi um dos motivos da derrocada do setor em 2009.
“O primeiro passo é as empresas apresentarem o seu ativo florestal, seus planos de manejo; enfim, apresentarem números que deem sustentabilidade à retomada do negócio de forma legal”, explica Gilberto Leite.
Além da ACIM, também estão envolvidos diretamente nas negociações, o Sindicato dos Metalúrgicos de Marabá (Simetal), Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Estado do Pará (Sindiferpa) e Sindicato das Indústrias Minerais do Pará (Simineral). Os representantes dessas instituições têm debatido diretamente com João Coral, diretor global da Energia da Vale.
Para se ter uma ideia do tamanho do prejuízo no setor, no auge da produção em Marabá, o setor guseiro chegou a empregar oito mil funcionários diretos e cerca de 36 mil em toda a cadeia produtiva. Hoje o Distrito Industrial mais parece uma cidade fantasma e não mantém sequer três mil postos de trabalho diretos.
O caso mais emblemático é o da Cosipar, a primeira siderúrgica instalada no DIM. Inaugurada em 1986, a empresa, e a siderúrgica fechou as portas no final de outubro de 2012 e promoveu demissão em massa de quase 400 funcionários.