O PMDB vai ter candidato próprio ao governo do Estado e, seguindo a estratégia nacional de buscar a reeleição da presidente Dilma Rousseff, marchará com o PT nas eleições deste ano. O cenário que já se desenhava desde o ano passado foi oficialmente confirmado pelo presidente estadual do PMDB no Pará, o senador Jader Barbalho.
Em entrevista ao DIÁRIO, Jader comentou a crise do funcionalismo público, categoria a quem atribuiu grande importância para o sucesso de uma administração, e respondeu às insinuações feitas pelos atuais gestores de que os problemas atuais teriam como raiz problemas de gestão durante seus dois mandatos como governador do Pará, nos anos 1980 e 1990. “Seria leviano atribuir o fracasso de um governo à administração anterior, há mais de 20 anos. Nesse ritmo, vão acabar culpando Lauro Sodré”, ironizou.
Na entrevista às repórteres Rita Soares e Carolina Menezes, o senador do PMDB falou também do rompimento com os tucanos no Pará, dos projetos que tem defendido no Senado e de estratégia eleitoral.
Trechos da entrevista:
P: O candidato do PMDB ao governo do Pará será mesmo Helder Barbalho?
R: O Helder é o nome pré-lançado. Candidatura mesmo apenas após a convenção do partido. Nós temos um nome que está sendo instado e lembrado pelos companheiros e por muitas pessoas em vários cantos desse Estado. E estaremos junto com o PT na próxima eleição. É isso que está acordado até o momento, com a vaga do senado destinada ao partido da presidente Dilma.
P: Porque houve o rompimento político entre o senhor e o governador?
R: Até hoje não entendi. A bancada do PMDB na Assembleia Legislativa sempre ajudou o governo em todas as solicitações, colaborando com a atual gestão. Eu li que, quando o governador estava no Japão, que teria recebido informação que o PMDB iria votar contra um empréstimo, mas o partido votou favoravelmente. Creio que isso tudo foi fruto de uma ciumeira, porque o nome do Helder [Barbalho] começou a ser cogitado como eventual candidato ao governo. Isso sem qualquer aval de minha parte, diga-se de passagem. Foram dadas umas secretarias para o PMDB que eu não sabia sequer o endereço, como a Secretaria de Pesca. Nunca chamei um secretário de Estado ou dirigente de órgão dessa gestão para debater questões de natureza administrativa ou fazer qualquer tipo de pedido e tampouco fui procurado por alguém com interesse no Estado. Essa era nossa influência do governo que aí está.
P: Parece que está havendo uma tentativa dos tucanos em dividir o palanque da candidata Dilma Rousseff no Pará...
R: Olha, seria uma indelicadeza da minha parte discutir a estratégia dos outros partidos. Se o atual vice-governador, a bordo do imenso prestígio político-eleitoral que possui, conseguir o apoio até mesmo do Obama [o presidente dos EUA, Barack Obama] para vir aqui, será mérito dele. Tenho obrigação é de discutir a estratégica do meu grupo político. Quem sabe também seja possível o Putin [presidente da Rússia, Vladmir Putin], que promove as Olimpíadas de Inverno na Rússia, também dar um pulo amigo aqui para apoiar a candidatura do nosso vice-governador. Só acho complicado nossos adversários tentarem buscar apoio da presidente Dilma. Ao mesmo tempo não se sabe se o atual governador apoiará ou não o candidato Aécio Neves. Por outro lado, pega um quadro do PSDB e aloca no PSB do candidato Eduardo Campos... O que percebo disso tudo é um tremendo desencontro. A estrutura partidária do governador apoiará quantos candidatos a presidente?