A ponte da Alça Viária sobre o Rio Moju, no Pará, ficará interditada por seis meses. A via ficou muito danificada após uma balsa, que prestava serviço para a Agropalma e transportava 900 toneladas de dendê, ter colidido contra a estrutura da ponte na noite de domingo (23). Com o incidente, foi rompida parte da estrutura, que possui cerca de 900 metros de extensão e 23 vãos. Especialistas analisam se o incidente atingiu apenas o pilar que desabou ou se toda a estrutura da quarta ponte da Alça Viária, foi afetada. Durante o período de interdição, duas balsas, disponibilizadas pelo Governo do Estado, farão a travessia dos veículos.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira (24), durante coletiva à imprensa realizada na sede da Secretaria de Estado de Transportes (Setran), em Belém. De acordo com a Setran, a expectativa inicial era de que a interdição da via durasse no máximo 120 dias. No entanto, ao visitar o local, especialistas alertaram para a gravidade do dano. Uma equipe técnica de engenharia que está no local deve entregar um laudo em 48h. Os documentos que irão compor o processo de licitação para as obras de reparo emergencial da ponte devem começar a ser reunidos ainda na terça-feira (25), e o orçamento deve ser divulgado após o resultado do laudo.
A hipótese de usar a PA-252 como via alternativa à Alça Viária foi descartada devido à má condição da rodovia, que tem pavimentação parcial e costuma alagar durante o período de chuva.
Diante disso, o Governo do Estado anunciou que a travessia sobre o Rio Moju será feita de graça em duas balsas para atender o fluxo de veículos leves e pesados da PA-150, que liga as regiões nordeste e sudeste do Pará. A travessia do rio, que tem uma extensão de 500 metros, será feita 24h, diariamente.
O custo do serviço de transporte não foi divulgado, e a contratação das balsas se fez sem licitação, devido o caráter de emergência. A medida envolve ainda obras de reparo nas rampas de embarque nas margens do rio, que se encontram deterioradas.
Inquérito
Um inquérito policial foi aberto para apurar as responsabilidades sobre o incidente. A balsa sofreu danos com a batida, mas não ficou impossibilitada de realizar a travessia e deve chegar ainda nesta segunda a Belém, onde passará por perícia. Dependendo do que os laudos revelarem, a transportadora terceirizada e a Agropalma podem ser chamadas a arcar com parte dos gastos das obras.
Por telefone, o diretor comercial de sustentabilidade da Agropalma, Murilo Brito, informou que a balsa estava prestando serviço à empresa e pertence à Companhia de Navegação da Amazônia, do grupo Libra. Por isso, não tem responsabilidade sobre a embarcação.
Balsa teria usado canal errado?
Segundo a Setran, a embarcação tinha 60 metros de comprimento e 12 metros de largura, e transpotava, além da carga de dendê, uma tripulação de segurança, formada por 4 ou 5 pessoas. De acordo com a Capitania dos Portos, a documentação da embarcação e do condutor estavam em dia, e o piloto é considerado habilitado para a função.
Preliminarmente, de acordo com o secretário da Setran, Eduardo Carneiro, foi descartava a hipótese de que o incidente tenha ocorrido devido à má sinalização na via, já que o canal de navegabilidade, tem 80 metros de largura, e a batida teria ocorrido fora deste canal, em um vão secundário, com cerca de 40 metros de largura, na margem esquerda, sentido Moju/ Belém.
"Ele tentou atravessar um canal menor, e não o canal de navegabilidade. A ponte é toda iluminada, tanto em cima quanto embaixo, e possui faixas refletivas nos pilares. As pontes possuem todo o euipamento exigido pela Marinha, exceto as defensas metálicas, que só não estão no local porque entre 60 a 90 dias houve um outro acidente que as atingiu", declarou Carneiro.
A defensa é um tipo de grade flutuante, posicionada em volta dos pilares, que evita que eles sejam atingidos. Segundo a Capitania dos Portos, o incidente pode ter sido provocado por imprudência, negligência ou falha de equipamentos. "A velocidade pode ter influenciado na força do impacto, mas só o laudo poderá esclarecer", informou o capitão de corveta Vieira Santos, da Capitania dos Portos.
O condutor da embarcação e tripulantes devem chegar à capital por volta de 22h para prestar depoimento. De acordo com a Setran, o inquérito policial e o laudo ficarão prontos em 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30, enquanto que o laudo da Marinha deve ser entregue em 90 dias.