O Brasil deve registrar 576.580 novos casos de câncer em 2014. Deste total, 8.630 no Pará, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Hoje, no Dia Mundial de Combate ao Câncer, a ideia é enfrentar os desafios nessa luta. A doença, que é a segunda causa de morte no Brasil, tem dados preocupantes também em relação à taxa de incidência na região Norte. A proporção é de 122 novos casos a cada 100 mil homens e entre as mulheres esse índice sobe para 123 por 100 mil.
Segundo o Inca, no Norte a grande preocupação é o câncer de colo do útero, que deve atingir 23 novos casos para cada grupo de 100 mil mulheres. Na região, esse tipo de câncer é ainda mais frequente do que o de mama, que deve chegar a 21 novos casos a cada 100 mil mulheres. Nos homens, o tumor mais frequente é de próstata. Neste caso, a orientação é de que investigações se iniciem a partir dos 50 anos de idade, com exame de sangue (PSA) e o toque retal.
O principal desafios no combate ao câncer é superar a desinformação, a falta de procura por consultas preventivas e a demora no diagnóstico pelas unidades básicas de saúde, que fazem com que os pacientes muitas vezes cheguem a hospitais de referência, como o Ofir Loyola, já no estágio avançado da doença e com metástase (foco secundário do tumor).
Segundo o oncologista clínico Wiliiams Barra, num sentido geral a prevenção e o diagnóstico precoce ainda são as melhores formas de combater o câncer. "A prevenção e o diagnóstico precoce estão diretamente ligados à chance de cura. Toda vez que consigo descobrir um câncer precoce, maiores (são) as chances de cura. Mas não há uma estatística. Para cada tipo de tumor, de estômago, de mama, de pele, de próstata, essa probabilidade é variável", afirmou.
Na função de coordenador da Unidade de Alta Complexidade em Câncer (Unacon) do Hospital Universitário João de Barros Barreto e também de pesquisador no Núcleo de Pesquisas em Oncologia da Universidade Federal do Pará, o especialista reforça que as pessoas não devem adiar idas ao médico para iniciar a investigação de um tumor, mesmo quando não apresentam sintomas da doença.
"Quando a mulher percebe o nódulo na mama, isso é um sintoma de câncer de mama. Um sangramento nas fezes é sintoma de tumor no intestino. Outra coisa se chama rastreamento. Por exemplo, não tenho sintoma nenhum, mas vou fazer um exame de rastreamento que possa perceber um câncer antes de causar sintomas. Exemplo é a mamografia, exame indicado para o câncer de mama", explicou.
Barra destaca que o estilo de vida e os hábitos alimentares colaboram para a prevenção do câncer. "Não fumar, pois o cigarro está ligado ao aumento de risco a quase totalidade dos tumores malignos. Evitar o consumo excessivo de álcool. Controlar o peso. Praticar atividades físicas regulares. Diminuir a quantidade de gordura da dieta e quantidade de sal. E dar referência a alimentos naturais, frutas e verduras", aconselhou.