A Celpa também distribui choques - de ineficiência, de inoperância, de péssimos serviços, de desprezo e deboche a seus consumidores, sejam os residenciais, comerciais ou industriais.
A Celpa não trata seus consumidores como cidadãos que precisam trabalhar para pagar suas contas no final do mês, inclusive as contas dela, Celpa, astronômicas e turbinadas por erros de leitura sempre para cima, para o alto.
A Celpa nos trata a todos como se fôssemos meros números. Para a Celpa, somos apenas um UC (unidade consumidora), a sigla tecnicamente engendrada para que a concessionária de serviço público essencial, como o de distribuição de energia elétrica, meta a mão nos nossos bolsos.
Ao nos lesar, a Celpa faz conosco o que não gosta que façam com ela: furta.
Em campanhas e nas alocuções frequentes de seus porta-vozes, a Celpa condena o chamado “gato”, que outra coisa não é senão a ligação clandestina, o furto de energia elétrica, crime tipificado claramente no Código Penal.
Crimes são crimes. Qualquer um - inclusive o furto de energia de uma empresa ineficiente como a Celpa - deve ser desestimulado e combatido sob os rigores da lei.
Mas pergunto - e creio estar fazendo eco a uma pergunta de todos os paraenses: e a Celpa, quando nos furta, quando “lê” sempre para cima o consumo apontado pelos medidores, quando danifica nossos bens por causa das oscilações permanentes de corrente, o que acontece com ela?
Nada acontece.
E a Celpa, quando os consumidores - indignados, maltratados e reduzidos a uma mera sigla (UC) - cobram suas responsabilidades, faz o quê?
Nada faz. Absolutamente nada.
Estão aí os números, os dados, os fatos que são mostrados nos noticiários: metade das reclamações submetidas ao conhecimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) contra a Celpa decorreu de erros de leitura do consumo mensal.
As reclamações dessa natureza, de acordo com a mesma Aneel, somaram 2.111 do total de 4.662 registradas perante a agência reguladora durante o ano passado.
Qual a postura diante das queixas? Como se porta a concessionária de um serviço público que desseve o público, que não o atende? A Celpa ignora, simplesmente ignora as reclamações.
Cabe ainda questionar: como se explica que sejamos chamados a pagar tarifas de energia elétrica astronômicas num Estado como o Pará, o Eldorado das hidrelétricas, sendo uma delas, ainda em construção, a maior do país?
É de revoltar. É de exasperar e indignar qualquer um, sobretudo os consumidores que se transformaram no alvo para a Celpa fazer suas “leituras” de consumo sempre para cima, indiferente às cobranças e responsabilizações a que poderá se expor em decorrência dos péssimos serviços que presta à população paraense.
Precisamos dar uma basta nisso. É preciso reagirmos contra esse descalabro e esse choque de ineficiência. Ao choque de ineficiência da Celpa, precisamos contrapor, legitimamente, uma mobilização geral para fazer com que a empresa, concessionária de serviço público dos mais essenciais, se enquadre em parâmetros que justifiquem a cobrança das altíssimas faturas que nos manda ao final de cada mês.
Conclamo o governo do Estado, as prefeituras dos 144 municípios paraenses, o Ministério Público - tanto o Estadual como o Federal -, a Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará, enfim, conclamo todos os segmentos expressivos da sociedade paraense a adotarem, cada um dentro de suas competências e atribuições, as providências capazes de compelir, de obrigar a Celpa a melhorar seus serviços e a tratar seus consumidores com o respeito que merecem.
A Celpa não pode sentir-se no direito de nos ignorar.
Não pode continuar nos lesando e furtando. Temos o direito de responsabilizá-lo pelo que faz de ruim e pelo que deixa de fazer de bom, de correto. Mobilizemo-nos contra a Celpa, para fazer valer os nossos direitos. Se não o fizermos, quem fará por nós?