O Pará é o estado brasileiro com o maior índice de gravidez de jovens com idades entre 10 e 19 anos, de acordo com dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). O levantamento do DATASUS mostra uma média de cerca de 2.600 partos por mês dentro da faixa etária no estado.
Segundo o ginecologista e obstetra Nelson Santos, a gravidez precoce traz riscos tanto para a mãe, como os partos prematuros e o alto índice de abortamentos, como para o bebê, como o nascimento prematuro e o baixo peso nos recém-nascidos. De acordo com dados da Santa Casa de Misericórdia do Pará, dos 782 partos mensais realizados entre os meses de janeiro e outubro de 2015, 23% foram de mães adolescentes.
Para o psicólogo Altieri Ponciano, a iniciação sexual tem sido cada vez mais precoce. Segundo ele, o relacionamento com os pais, questões e culturais e a falta de educação sexual influenciam diretamente nas estatísticas.
"Eu não creio que seja uma falta de informação. Eu creio que seja uma questão muito mais ligada aos tabus da forma como as famílias, a escola, a igreja, trabalham a sexualidade humana", afirma o psicólogo.
A estudante Mariana Neves foi mãe aos 14 anos e relata que as mudanças em sua vida foram inevitáveis. "Eu parei de estudar para me dedicar ao restante da minha gravidez, fazer o pré-natal, e me dedicar a ela, amamentar, tudo eu fiz questão de cuidar pessoalmente", conta a estudante.
Cinco anos depois, Mariana retomou os objetivos. "Hoje, se eu tivesse consciência, com certeza eu esperaria, até para dar uma estrutura melhor para ela. E assim eu espero que seja vida dela, que ela primeiro se case, depois tenha sua casa, depois tenha seus filhos, para ter uma estrutura familiar melhor, para ter uma responsabilidade, uma maturidade melhor. Eu tive que amadurecer muito cedo para poder ter", diz Mariana.