Um grupo de fazendeiros interditou na manhã desta terça-feira (10) a rodovia PA-275, que liga os municípios de Curionópolis e Parauapebas, no sudeste do Pará. O motivo da interdição foi pelos constantes prejuízos que um grupo do Movimento Sem Terra (MST) está causando aos proprietários da área denominada “Fazendinha”, localizada no quilômetro 23 da estrada.
Segundo os manifestantes, integrantes do Sem Terras acampados no Acampamento Frei Henri, estão querendo tomar o espaço dos fazendeiros, roubando e matando gado, cortando cercas, furtando estacas, arames, além de atirar contra os vaqueiros quando tentam se aproximar do local. “A interdição é pelo seguinte: nós estamos sendo humilhados pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e as autoridades.
Os sem terra já tentaram tomar a Fazendinha aqui, e a lei não dá direito a eles”, afirmou Sidney Rubens Oliveira Barreto, conhecido como Dão, um dos proprietários da Fazendinha e antigo pecuarista local.
Com a chegada da Unidade Integrada da Policia, os fazendeiros liberaram a estrada por volta das 11h. O Delegado Alexandre Silva, do Departamento de Conflitos Agrários – Deca, de Marabá, conversou com os dois lados e acertou uma reunião com o Incra. “Foi acertada uma audiência no Incra na próxima quinta-feira, com os representantes da fazendo e com o pessoal do movimento, no sentido de entrar em um acordo para que seja possível manter as atividades, tanto no acampamento, quanto na fazenda, com a manifestação final da justiça”, disse Alexandre.
Durante o protesto, cerca de 4 quilômetros de congestionamento foi verificado na PA-275. Com a liberação, o trânsito permaneceu lento durante toda a tarde.
Os fazendeiros afirmam que já foi feito um relatório pelo Incra com as duas partes, mas o MST descumpriu e continua fazendo arruaças pela área. “Eles estão roubando as estacas, roubando o arame. Nós resolvemos colocar arame farpado aqui e eles cortam. Nós resolvemos fazer este manifesto e fechamos a estrada para ver se as autoridades tomam providência”, afirmou Dão.
Em conversa com o delegado da Deca, o MST do Acampamento Frei Henri se defende dizendo que matam gado em retaliação a invasão da área que seria destinada à eles pela justiça desde de 2010.
Ainda segundo o MST, os ataques ao acampamento são constantes para expulsar as famílias da área, com uso de bombas, pistoleiros e luzes sobre as barracas durante a noite toda. “São os mesmos fazendeiros que em grande medida ocupam uma longa extensão de terras griladas próximo ao acampamento, por isso não aceitam as famílias na vizinhança”, declarou Tião Moura, da Coordenação Nacional do MST.
Segundo os fazendeiros, se nada acontecer após a audiência com o Incra, a promessa será de fechar mais uma vez a PA-275, ou partir para o pior, fazer a justiça com as próprias mãos. “Já estamos esperando há quatro anos pela justiça e nada se resolve. Estou disposto a matar ou morrer. Já estou com 70 anos e estou sendo humilhado por bandidos”, desabafou Sidney Barreto, o Dão.
O repórter fotográfico Antônio Cícero e um funcionário da Fazendinha conhecido como Bezerrão tentaram registrar imagens do gado morto pelo MST, mas foram recebidos a tiros pelos acampados.