Assim com nas plantações de cacau, a vassoura de bruxa também pode acabar com as plantações de cupuaçu, uma árvore da mesma família. De acordo com Embrapa, a vassoura de bruxa ataca por um fungo, que é disperso no ar em função do vento, que rapidamente se alastra nas plantações.
Durante a manhã desta terça-feira (24), técnicos da Secretaria de Municipal de Produção Rural (Sempror) em parceria com estudantes da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e apoio técnico da Embrapa Amazônia Oriental, estiveram realizando o primeiro experimento de combate à vassoura de bruxa, em uma propriedade da Vila da Palmares Sul.
A técnica desenvolvida pela Embrapa, consiste em combater a praga, tornando a espécies de cupuaçu mais resistentes à praga. Nessa primeira fase de combate, é feita a poda drástica e fitossanitária dos pés (procedimento de combate à organismos vivos que possam ser de alguma forma nocivos ao meio ambiente).
Nessa etapa foram podados cerca de 100 pés de cupuaçu. Na segunda etapa, após o nascimento do broto, será feito o enxerto com a espécie BRS Carimbó, uma das cultivares desenvolvidas pela Embrapa, que é mais resistente à vassoura de bruxa.
Toda a plantação da propriedade utilizada no experimento, possui mais de 800 pés de cupuaçu, está infestada com a doença.
Pioneira na região que virou assentamento Palmares, que hoje é dividido em Vilas Palmares Sul e Palmares II, Odalma Afonso de Rezende, de 73 anos, está otimista com a nova técnica para tentar salvar sua plantação de cupuaçu, feita em uma área de quatro hectares, na vicinal 3 da Palmares I. Ela conta que a praga começou a infestar sua plantação há três anos.
Nesse período, ela também adoeceu e ficou um ano sem poder cuidar da propriedade, que divide com a amiga Maria Helena Dantas, de 63 anos. Quando melhorou e voltou à plantação, ela diz que entrou em prantos ao ver seu cupuzal, que cuidava com todo carinho e de onde tirava seu sustento, todo infestado.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Sempror, Rafael Freire, em dois e três anos as plantas enxertadas vão começaram a produzir e terão produtividade superior a outra espécie. Ele destaca que a produtividade do cupuaçuzal, antes da praga, era em torno três a cinco toneladas por ano por hectare e, com a BRS Carimbó, essa produtividade vai saltar para 11 toneladas por hectare.
“Só um pé de cupuaçu dessa espécie produz cerca de 20 frutos por safra. Muito superior a essa espécie que é cultivada na propriedade e que não tem qualquer resistência à vassoura de bruxa”, detalha o agrônomo.
Rafael observa que eles decidiram utilizar a técnica da substituição de copa na propriedade por escala. Ou seja, primeiro com 100 plantas, e depois isso vai ser feito gradativamente, de modo a garantir que a produção da propriedade não fosse interrompida drasticamente.
“Se nós optássemos em eliminar todos os pés e plantar a nova espécie, a produção só ia começar daqui a três ou cinco anos. Com essa técnica, a produção começa em dois anos e, nesse período, a produção não é interrompida, porque os pés vão sendo podados gradativamente”, enfatiza.
De acordo com o secretário municipal de Produção Rural, Eurival Martins, o Totô, a meta é atender todos os produtores de cupuaçu do município com essa técnica. Para isso, o primeiro passo foi dado com o treinamento do pessoal, feito pela Embrapa, e agora está sendo feito investimento em aquisição de equipamentos para a logística de campo, porque não havia nada na secretaria, que ele assumiu em janeiro deste ano.
“Essa é uma política do governo municipal, de atender os pequenos produtores, com técnica e aporte para que possam produzir. Hoje estamos atendendo essa propriedade, mas dentro da nossa possibilidade, outras irão sendo atendidas”, afirma o secretário, prevendo que até o meio do ano que vem a Sempror estará dotada com infraestrutura para atender a demanda existente.
O secretário diz que no caso específico do cupuaçu, a meta é trabalhar essa técnica para que Parauapebas, em pouco tempo, assuma a liderança na produção do fruto na região. Ele observa que o cupuaçu, além de ser usado para fabricação de doces, suco e outras iguarias, também é muito usado na indústria de cosmético.